Web Summertime - Capitulo 12

 Unexpected

Arthur definitivamente não estava esperando por aquilo. O murro certeiro de Chay em próximo a seu olho tinha o pegado desprevenido, sentia o rosto latejar. Segurou o nariz, completamente dolorido, sem conseguir esboçar nenhuma reação.
- Eu vou te matar, seu traidor! – Chay gritava, e Thiago rapidamente segurou o amigo – Me solta, Amaral!
Lu olhou assustada para o irmão, que se debatia contra o corpo de Thiago, com o rosto vermelho de raiva. Abaixou rapidamente em frente a Arthur, sentindo o coração dar cambalhotas dentro do peito.
- Ai Meu Deus, você está bem? – Perguntou, sentindo os olhos arderem. Mas não esperou resposta alguma, virando o pescoço para trás – Chay, você tá maluco? – Berrou.
- Eu não tô maluco porra nenhuma, você que deve ter ficado louca! – Ele tentava se soltar de Thiago, enquanto Aguiar punha-se de pé com ajuda de Soph e Micael.
- Dude, não vá... – Micael segurou Arthur, que encarava Chay com um olhar indecifrável.
- Eu não vou fazer nada. – Aguiar respondeu simplesmente.
- Eu nunca esperei isso de você, dude! Porra, você é meu melhor amigo! – Chay gritava, ficando ainda mais nervoso com os braços de Thiago em sua volta – ME SOLTA!
- Chay, olha pra mim, por favor! – Lua se aproximou do irmão, que virou o rosto – Deixa eu explicar...
- Eu não quero falar com você! Meu assunto é com o Aguiar!
Arthur passou a mão pelo rosto, sentindo o pouco de sangue que escorria de seu nariz. Respirou fundo.
- Solta ele, Thiago. – Disse baixo.
- O quê? – Lua e Melanie disseram juntas, e Arthur segurou a mão de Lu quase imperceptivelmente.
- Vai ficar tudo bem. – Ele disse baixo, apenas para que ela ouvisse.
- Arthur, não...
Ela dizia baixo, seu olhar era de dor, e isso deixou Aguiar ainda mais inquieto. Não gostava de vê-la daquela forma. Sorriu com o canto da boca, brevemente, e aproximou-se de Chay. Viu, com a visão periférica, Ully abraçar Lua de lado.
- Vamos conversar então, dude... – Arthur disse calmo, medindo as palavras. Olhou firmemente para Thiago, que hesitou em soltar Suede, mas por fim o fez. Chay respirou fundo.
- Você é inacreditável, Aguiar. – Disse com desprezo – É a minha irmã, porra! – Chay disse e Lu ia abrir a boca para se manifestar, mas Micael a repreendeu com o olhar.
- Dude, eu sei, mas...
Arthur ia dizendo quando Chay lhe acertou um soco na barriga, não com toda a força de antes, mas que ainda assim fez Aguiar gemer. O próprio Suede deu alguns passos para trás, piscando várias vezes, e sentindo a aproximação rápida de Thiago. Arthur levantou a cabeça e Lu correu para seu lado, sentindo as lágrimas escorrerem pelo rosto.
- É... É melhor eu sair daqui, eu não sei mais o que eu tô fazendo! – Chay disse por fim e andou em passos largos em direção ao portão, sendo seguido por Melanie. – Me deixa sozinho!
Ele berrou, mas a garota não obedeceu, e continuou a segui-lo para o lado de fora.

- Me desculpa, me desculpa! – Lu tentava engolir o choro, passando as mãos trêmulas pelo rosto de Aguiar, que estava sentado em uma cadeira de praia. Ele sorriu fraco.
- Ei... – Disse, segurando suas mãos – Não é sua culpa. Pare com isso!
- Claro que é minha culpa! Se eu não tivesse um irmão tão idiota, você não teria... – Lu ia dizendo, quando foi interrompida.
- Seu irmão não é um idiota. Ele é meu melhor amigo, e a culpa não é sua, nem minha. Acho que nem dele... – Arthur disse olhando para baixo, e Lu tentou abraçá-lo de uma forma que não fizesse nada doer ainda mais.
- Obrigada por não bater nele. Por mais que aquele idiota mereça, é claro...
Arthur sorriu, selando os lábios da garota brevemente.
- Eu nunca bateria no Chay, Lu. – Ele disse, tentando puxá-la para mais perto, e gemendo quando sentiu a musculatura da barriga contrair.
Ully chegou correndo e Thiago estava logo atrás dela.
- Aqui, Lu. – Ela estendeu um kit de primeiros socorros para a amiga. Arthur desatou a rir, ao ver o que Amaral carregava.
- Pra que diabos esse pedaço de carne, Thiago? Eu não tô com fome, e não como comida congelada! – Ele disse e todos em volta riram, ainda que estivessem visivelmente preocupados. Principalmente Sophia, que estava completamente confusa.
- Acabou o gelo na festa, então você vai colocar essa carne congelada no nariz! – Amaral disse engraçadamente e Lu sorriu, ainda sem vontade de rir. Arthur pegou a carne, fazendo graça, e encostou no nariz, contorcendo o rosto em uma careta.
- Apanhei do meu melhor amigo, não revidei, estou todo dolorido e com um pedaço de CARNE na cara! – Arthur gargalhou – Mais humilhante, impossível!
Todos riram alto, especialmente Micael e Thiago. Arthur sentiu-se um pouco melhor ao ver que Lu também ria, e sorriu.
- Vamos melhorar a humilhação... – A garota sorriu – Vou cuidar de você.
Disse, com um olhar divertido, e Arthur riu, puxando-a para um beijo rápido. Então Soph desatou a rir.
- O que foi, sua doida? – Lu olhou para trás.
- É tão engraçado... Vocês dois juntos. – Soph ria e logo todos fizeram o mesmo.
- Relaxa, no começo é meio assustador, mas depois você acostuma! – Borges disse e Lu tacou um rolo de esparadrapos em sua direção, fazendo-o gargalhar.

- Qual a parte do eu quero ficar sozinho, você não entendeu, Melanie? – Chay perguntou com rispidez, enquanto a garota sentava ao seu lado, perto do mar.
- Qual a parte do você está agindo como um idiota, você não entendeu, Chay? – A garota arqueou uma sobrancelha e ele bufou.
- O que você quer?
- Nada.
- Então me deixa sozinho! – Chay respondeu, e Mel rolou os olhos.
- Você poderia ser menos estúpido? O que eu fiz pra você? – Ela disse um pouco irritada, fazendo-o encará-la.
- Desculpe. Você não tem nada a ver com isso. – Chay disse ainda olhando para frente, e os dois ficaram em silêncio por alguns instantes. – Você sabia disso?
Mel negou.
- Estou tão surpresa quanto você. – Respondeu baixo.
- Tenho certeza que quase todo mundo sabia! Porque aquele merda tinha que... – Suede já ia começar o descontrole, quando Melanie o encarou.
- Não chame o Arthur de merda. Você só está nervoso com ele.
- Agora você vai defendê-lo? – Chay perguntou, olhando nos olhos da garota pela primeira vez.
- É claro que não. Eu também estou muito preocupada com os dois, Chay. Arthur e Lua não é algo que possa dar certo sem que ninguém saia ferido... – Mel balançou a cabeça, reprimindo um sorriso – Mas nem por isso concordo com seu ataque pra cima do Aguiar! E se ele tivesse revidado? Você tem noção do que você fez, Chay?
O garoto parou e a fitou, incrédulo.
- Eu não acredito que eu tô tomando uma bronca logo de você!
- Pode acreditar! – Mel disse séria, e o queixo do garoto caiu.
- Quer saber, Melanie? Não tô afim de conversinha, de sermão! Se você vai ficar aqui sentada, eu vou andar por aí! – Disse, levantando o mais rápido que conseguiu, e saiu em passos largos. – O que você tá fazendo atrás de mim? – Perguntou, colocando as mãos na cintura, e a garota riu alto, fazendo a expressão de Suede, que beirava a ira, transformar-se em confusão.
- Eu sinceramente não sei. – Melanie ria – Acho que quero garantir que você não bata em ninguém, sabe como é... – Disse arqueando uma sobrancelha e Chay sorriu brevemente.
- Pode ficar tranqüila, eu não vou atacar ninguém que não mereça! - Respondeu e Mel sorriu.
- Prefiro ir junto, se não se importa... – Ela disse e Chay bufou.
- Como se adiantasse dizer não! Mas você vai calada!
- Não tô nem aqui! – Ela fez sinal de zíper nos lábios, depois parou – Chay, me paga uma Coca?
Suede gargalhou. Não sabia se estava rindo de raiva ou de espanto, mas aquilo também fez Melanie rir. Nem ela sabia o que estava fazendo.
- Se você calar a boca, eu te pago uma na volta.
- Fechado! – Mel deu um pulinho, saltitando atrás de Chay.

- O que diabos vocês estavam fazendo todos lá no quintal? – Arthur perguntou do nada e Micael riu, sapeando os canais da televisão.
- A gente ia fazer hambúrgueres, porque não tinha nada pro café da... – Borges parou no meio da frase e trocou um olhar de pânico com Soph.
- OS HAMBÚRGUERES! – Gritaram e saíram correndo juntos, fazendo Arthur, Lu, Ully e Thiago gargalharem.
- Devem ter virado carvão... – Thiago deu de ombros.
- Você tá melhor? – Lu perguntou baixo, acariciando o rosto de Arthur, que sorriu, assentindo.
- Eu tô ótimo, linda... Relaxa! – Ele disse sorrindo fraco e deitando a cabeça no colo de Lua.
A verdade era que estava preocupado com o que estava por vir. Sabia que a reação de Chay, num primeiro instante, seria negativa, mas nem em suas piores hipóteses havia cogitado apanhar do amigo. Sentiu que Lu mexia em seus cabelos e sorriu, encarando a televisão e tentando engolir todo aquele sentimento ruim que tomava conta de seu corpo. Ela era tudo o que sempre quisera, mas Chay era seu melhor amigo. Aquela não era uma situação agradável de estar.

- São quase oito da noite, eu tô realmente preocupada! – Lu andava de um lado para o outro, e Thiago a segurou pelos braços.
- Lu, quer parar? – Disse, com a voz calma – Não vai acontecer nada! O Chay não tá sozinho!
- É amiga, a Mel tá com ele, agora fica calma! – Ully a encarou, sorrindo – Pare de surtar, você quer deixar o seu... Namorado? Ficante? Peguete? – Ully riu e Lu fez o mesmo.
- Não sei classificar... – Respondeu ainda rindo.
- Tá, você quer deixar o seu docinho ainda mais preocupado? – Ully perguntou e Lu suspirou alto – Meu amor, a única coisa que você tem que fazer agora, é sentar nesse sofá e esperar que ele volte do banheiro com sua melhor cara de “tô nem aí”, ok? O Arthur já sofreu demais por hoje.
Lu sorriu obedecendo, enquanto Thiago encarava Ully de sobrancelha erguida.
- Você daria uma ótima psicóloga... – Ele disse baixo e Ully riu.
- Só se fosse pra enlouquecer meus clientes... Você me conhece. – Ela disse e os dois riram baixo, voltando os olhares para a televisão.
- Eu quero uma pizza! – Micael disse de boca cheia, e Lu riu, vendo que Arthur sentava em seu lado.
- Micael seu ogro, você tá comendo um sanduíche e pensando na pizza! – Disse e Aguiar gargalhou.
- Ei, pizza seria uma boa ideia... – Disse com a carinha fofa e Lu sorriu.
- Tá, pizza pra você então!
- Ei, que folgado! Ele tá se aproveitando da sua boa vontade, Lu! – Micael disse e tomou uma almofada na cabeça, entre risos.
- Come teu sanduíche aí e cala a boca, dude! – Arthur disse e Lu pulou de volta no sofá, deitando no colo de Aguiar.
- Hoje o docinho tá merecendo, né? – Ela sorriu e Thiago fez cara de nojo, enquanto Sophia e Ully gargalhavam.
O barulho da porta abrindo foi discreto, mas todos ouviram. No fundo, estavam disfarçando com risadas o pânico em que estavam. Melanie entrou primeiro, e em seguida, Chay. A garota andou calmamente até o sofá, mas virou para trás e olhou sugestivamente para Chay, que fitou os próprios pés. Em seguida, começou a caminhar na mesma direção que ela, mas passando direto para as escadas.
- Dude! – Arthur disse alto, e Lua sentiu que por um momento, seu coração havia parado de bater. Suas mãos gelaram na mesma hora. – A gente pode conversar agora?
- Eu não tenho nada pra falar com você, Aguiar. – Chay respondeu baixo e com firmeza, e virou as costas.
- Eu vou até lá! – Lu levantou num pulo, e antes que alguém pudesse se manifestar, já estava subindo as escadas.

- Chay, preciso falar com você.
Lu disse entrando no quarto e dando de cara com o irmão deitado de bruços na cama, com a cabeça enterrada em travesseiros. Ele murmurou alguma coisa ininteligível, fazendo-a rolar os olhos.
- E eu não vou sair daqui enquanto isso não acontecer.
Disse, firme, e sentou em uma cadeira. Chay levantou a cabeça e sentou na cama, tentando arrumar o cabelo bagunçado. Lu teve que reprimir um sorriso vitorioso que iria se espalhar em seu rosto. Pelo menos ele havia aceitado a conversa, o que já era meio caminho andado.
- Fala. – Ele disse, encarando a cama. Lua puxou a cadeira pra mais perto, ponderando as palavras. Sabia que se desse um sermão logo de cara, ele a expulsaria do quarto, e era um fato que Chay era mais forte que ela e a tiraria carregada se fosse preciso.
- Por quê você fez aquilo? Digo, porque você bateu no Arthur? – Ela cuspiu as palavras, sem saber exatamente por onde começar. O rosto de Chay levantou, já adquirindo sinais de raiva.
- Como porque? Francamente, Lua! – Chay se colocou de pé, quase em um salto – Você é minha irmã! Ele tava te agarrando, aquilo não faz sentido!
- Desde quando você liga pra quem eu agarro ou deixo de agarrar? – Lu perguntou, impetuosa, mas permanecendo sentada.
Chay gargalhou, sarcástico.
- Desde quando o IDIOTA do meu melhor amigo resolve ser o cara que você agarra... Ou que agarra você, foda-se! – Chay fez careta – Lua, pelo amor de Deus, você ODEIA o Arthur!
- Eu não odeio o Arthur. – Lu disse baixo, tentando manter a calma, coisa que considerava que seria impossível – Não era você quem sempre quis que nós nos déssemos melhor e...
- ... Uma coisa é vocês se tratarem decentemente, outra é aquele merda com a mão na tua bunda! – Chay disse, ficando cada vez mais vermelho. Lu riu, também já ficando irritada.
- Para de chamá-lo de merda, de idiota! Você não percebe que o único idiota aqui É VOCÊ? – Lu berrou, apontando o dedo para o irmão – Puta merda, Chay, você nunca foi assim! Eu tô feliz! O Arthur me faz feliz, porque você tem que estragar isso?
Os gritos da garota ecoaram por todo o corredor. Os outros tinham resolvido que ficariam no andar debaixo, mas Borges não pode deixar a curiosidade de lado, e subiu alguns degraus da escada. Sorriu ao ouvir o que Lu havia dito, mas o silêncio que seguiu a frase o deixou perturbado.
Chay encarou a irmã, que tinha lágrimas nos olhos. Mas ele a conhecia como ninguém, sabia que aquelas eram lágrimas de raiva. A segurou pelos ombros.
- Lu, eu amo você. Eu sou seu irmão mais velho, eu estou fazendo isso pra te proteger! – Disse, um pouco mais baixo. E Borges já não conseguia ouvir mais nada.
- Pra me proteger do que, Chay? – Lu deixou uma lágrima escorrer, e ele respirou fundo.
- Eu conheço o Arthur tão bem quanto conheço você. Eu convivo com ele, mais do que eu convivo com você, inclusive! – Chay respirou fundo - Lua, o Arthur é um cara legal, mas porra, você sabe muito bem que ele nunca quer nada sério! Quantas garotas ele já comeu naquele colégio, hein? – Ele dizia sério, tentando conter o impulso de abraçar a irmã, que chorava – QUANTAS?
- Eu não sei, que merda! – Lu soltou dos braços de Chay, enxugando as lágrimas com as costas da mão.
- Eu já vi muitas meninas chorarem por ele. Já vi todas as desculpas que ele inventa pra se livrar delas, eu sei do que ele é capaz! Eu não quero que você sofra, Lu! – Chay disse, a abraçando, mas a garota mantinha os braços do lado do corpo, sem conseguir reagir. – Fala alguma coisa! – Pediu, aflito, vendo que a irmã não se movia e que o silêncio era cada vez mais assustador.
Lu respirou fundo, e encarou Chay nos olhos.
- Ele não vai fazer isso comigo. – Disse baixo, quase em um sussurro. Percebeu que Chay ia dizer alguma coisa, então continuou falando – E o único que está me machucando aqui, é você.
Disse por fim e correu para fora do quarto, fazendo com que Suede finalmente derrubasse a maldita lágrima pelo rosto. Lua correu até o fim do corredor e bateu sua porta com força.

A sala entrou em silêncio profundo, nem as respirações eram ouvidas. Ninguém sabia o que havia se passado no outro andar, mas estavam apreensivos. Ao ouvir o baque da porta, Arthur levantou rapidamente, sem nem pensar.
- Dude, não é melhor que você... – Thiago tentou dizer, mas Aguiar o ignorou.
- Já esperei tempo demais.
Subiu as escadas rapidamente e parou diante do quarto de Chay. A porta estava aberta, e ele não enxergou ninguém lá dentro. Rapidamente, correu a distância do corredor até o quarto de Lua. Não bateu na porta, que estava destrancada. Lu tomou um susto e tentou limpar o rosto, que tinha marcas do rímel preto manchado. Pela primeira vez em sua vida, Arthur desejou estar em dois lugares ao mesmo tempo. Queria consolar Lua e sim, queria encher Chay de porrada. Mas engoliu essa segunda vontade, caminhando rápido até a cama da garota, e sem dizer nada, a tomando em um abraço apertado e silencioso. Afagou seus cabelos e começou a ouvir soluços da menina.
- Eu não acredito nisso! – Arthur segurou o rosto vermelho de Lu entre mãos, e sentiu a raiva subir. – O que diabos o Chay... Eu vou até lá, eu vou... – Aguiar ameaçou levantar, mas Lu o puxou pelo braço.
- Por favor, não... – Disse baixo, tentando fazer com que sua voz saísse normalmente – Só fica aqui comigo. Não me deixa sozinha, por favor... – Ela pediu e Arthur sentiu que seu coração tinha sido quebrado. Era algo estranho, protetor. Lu deitou na cama e Arthur fez o mesmo, a abraçando e mexendo em seus cabelos.
- O que aconteceu? – Ele perguntou baixo, e Lu respirou fundo.
- Eu não quero falar sobre isso, desculpe.
- Tudo bem. – Ele sorriu fraco, ficando em silêncio.
Aos poucos, Lua sentia que melhorava gradativamente sua situação. Ainda doía, e muito, lembrar das coisas que o irmão tinha lhe dito, mas afastou o pensamento, porque Arthur estava ali, e ela simplesmente se recusava a acreditar.
- Ei... – Lu sussurrou, sentando na cama e esfregando os olhos. Arthur fez o mesmo, mas não tinha sinal algum de sono. – Promete que você nunca vai me decepcionar?
Arthur sorriu, confuso, e aproximou sua boca da dela.
- Por que a pergunta?
- Só prometa.
- Eu nunca vou te decepcionar. Prometo.
Disse e sentiu-se aliviado quando viu um sorriso tímido no rosto de Lu. A segurou pela nuca, beijando-a calmamente, mas de uma forma estranha, seu corpo todo parecia ceder e seu coração tinha a sensação esquisita de que tinha aquecido. Preferiu não lutar contra isso, afinal sabia que era perda na certa. Deixou as preocupações de lado ao sentir os dedos frios da garota em sua nuca, o que provocava arrepios. Suspirou pesadamente quando Lu desfez o beijo, e abriu os olhos.
- Obrigada. Por tudo, Arthur. – Ela sorriu.
Arthur beijou sua testa carinhosamente, e a abraçou. Encarou o relógio na mesinha, que marcava duas horas da manhã.
- Lu, acho melhor eu ir... Já tá tarde! – Ele sorriu forçado, e Lua sorriu verdadeiramente ao perceber esse detalhe.
- Dorme aqui comigo? – Perguntou, manhosa, e Arthur sentiu aquela sensação estranha de novo. Desistiria de entender.
- Lu, o Chay vai... – Aguiar ia dizendo, tentando parecer convencido de suas próprias palavras, mas ela o interrompeu.
- Eu só quero acordar abraçada a você. Só isso.
Disse, sincera. Era tudo o que realmente precisava, o perfume de Arthur, seus braços largos e o calor de seu corpo perto do seu. Não estava realmente pensando em nada além disso, só queria sentir-se segura. Queria que seus olhos fossem a primeira coisa que visse ao acordar, depois daquela confusão toda. Chacoalhou a cabeça, deixando de lado os pensamentos progressivamente idiotas e melosos, e encarou Aguiar, que sorria.
- Só porque você implorou... – Ele disse fazendo bico, e a menina gargalhou.
- Implorei? – Ela riu – Vaza da minha cama, Aguiar!
- Ah, é assim? – Ele disse segurando o riso – Eu vou mesmo!
Arthur levantou, e a garota desatou a rir, o puxando de volta.
- Volta aqui!
- Pede com jeitinho... – Ele disse malicioso, e os dois riram alto.
- Você vai me deixar aqui sozinha e indefesa? – Lu disse, fazendo biquinho, e Arthur pulou de volta na cama, a abraçando e rindo. – Há, eu sou uma conquistadora nata!
Disse, brincando, e Arthur gargalhou.
- Fica quietinha, vai... – Murmurou, e os dois riram, jogando o edredon por cima de suas cabeças.

Era praticamente uma da tarde quando Arthur e Lua acordaram. Não voluntariamente, já que Sophia e Ully tacaram dezenas de almofadas nos dois, gargalhando feito loucas. Aguiar foi para seu quarto, tomar um banho e mudar de roupa, e Lu fez o mesmo, enquanto as garotas tagarelavam em sua cama.
- Pega uma blusinha pra mim? – Lu pediu e Soph tacou uma regata preta em sua direção. Ela sorriu, colocando-a. – E o Chay?
Perguntou, sentindo um nó na garganta. Ully deu de ombros.
- Não sei. Bom, ele não estava lá embaixo quando acordamos, e ninguém sabia de nada.
Lua ia perguntar mais alguma coisa, mas resolveu não fazê-lo. Pegou as amigas pelas mãos e desceu as escadas, vendo Thiago com cara de pânico. Então viu que Arthur e Chay estavam frente a frente, no meio da sala, a uma distância mínima. Melanie, Micael e Thiago estavam mais adiante, observando apreensivos. Rapidamente, Lu correu e puxou as amigas com ela.
- Vocês não estão brigando, não é? – Perguntou, sua voz estava falhando e odiava quando isso acontecia. Soph apertou sua mão com um pouco mais de força, tentando frear a amiga que ia se meter entre os dois.
- Lu. – Arthur olhou para o lado, sorrindo fraco – A gente só está conversando.
- No meio da sala com essas caras de assassinos? – Ully se intrometeu – Gente, se vocês se socarem eu vou chamar a polícia, juro!
Chay rolou os olhos.
- Eu não vou socar ninguém. – Respondeu baixo, e logo os outros três estavam perto das garotas.
- Vocês podem ir, eu garanto que não vai acontecer nada e... - Arthur tentava dizer, mas fora rapidamente interrompido.
- Não preciso que ninguém vá embora. A conversa aqui é rápida, Aguiar.
Arthur levantou as mãos ao lado da cabeça, como quem se rendia.
- Eu não acredito no que você fez, dude! – Chay chacoalhou a cabeça – Eu nunca esperei isso logo de você!
- O que eu fiz, Chay? Eu não fiz nada de errado! – Arthur dizia, aparentemente calmo – Eu não planejei isso, simplesmente aconteceu! E eu não estou nenhum pouco arrependido.
Lu tentou sorrir, mas o misto de sensações que tomava conta dela não permitiu. Achava que teria um colapso, seria eternamente grata pela mão de Sophia e pelo abraço de Micael, que era a única coisa que a mantinha em pé. Sua mente desviou por alguns segundos, e quando voltou ao foco, Chay já gritava.
- Caralho, com tantas meninas nessa merda de lugar e você tinha que escolher justo a minha irmã? – Ele gritou, visivelmente transtornado, e então respirou fundo, deixando transparecer toda a decepção em seu olhar. – Você era meu melhor amigo.
Arthur sentira os olhos arderem, não queria acreditar que aquilo estava acontecendo. Encarou Suede nos olhos, respirando fundo.
- Como assim eu ERA seu melhor amigo?
- Isso mesmo que você ouviu! Depois de tudo o que você fez... – Dessa vez Arthur interrompera Chay, agora já perdendo o controle.
- Eu não fiz metade do que eu devia ter feito com você, Suede! Talvez se eu tivesse revidado seu soco, você não estaria falando tanta merda agora! – Arthur gritou, e Chay o encarou, incrédulo.
- Você acha que eu GOSTEI de bater em você? Porra, dude! Quem você pensa que eu sou? – Chay gritou – Eu te conheço, Arthur! Você pode estar curtindo agora, mas vai passar outra gostosa e você vai esquecer da Lua! E aí, você acha que EU tenho que deixar isso acontecer?
- Você tá maluco, dude! – Arthur também gritava – Eu não sou esse putão que você tá dizendo!
Chay gargalhou.
- Quantas vezes eu te ajudei a fugir de meninas no teu pé? Quantas vezes eu vi você pegar quatro na mesma noite? – Chay parou, chacoalhando a cabeça – E não era com qualquer garota! Até tua ex, que todo mundo achava que você gostava, você traiu!
- PUTA QUE PARIU, a Lua não é qualquer uma! – Arthur berrou, interrompendo – Sabe qual é a diferença? A diferença é que eu gosto da tua irmã! De verdade, e até demais! Você acha que eu me senti bem quando descobri isso? Quando eu percebi que era ela quem eu queria? – Arthur disparou a falar, deixando Chay completamente pasmo – Eu posso realmente ter feito Londres inteira sofrer, e eu admito isso! Mas eu nunca faria isso com ela, Chay! E se um dia eu fizer, vou ser eu quem vai pedir pra você me bater, porque eu vou ter perdido a única que eu realmente quis! E com ou sem sua aprovação, eu não vou...
Arthur parou de falar, percebendo o silêncio absurdo que a sala estava. Olhou para o lado, e viu Lua dois passos adiante dos demais, com um sorriso quase infantil no rosto.
- Você não vai...?
Ela o incentivou, e Arthur aproximou-se, com as mãos nos bolsos. Não sabia como aquilo tinha simplesmente escapado de sua mente. Tinha esquecido totalmente que tinham seis pessoas além dele e Chay na sala. Mas já era tarde para ficar com vergonha. Sorriu, a encarando.
- Eu não vou deixar você. – Ele disse baixo, e a garota sorriu, pulando e o abraçando.
- Isso foi perfeito! – Ela disse baixo, mas todos da sala ainda podiam ouvir – Você derreteu meu coração, docinho. – Lu disse rindo e olhando nos olhos de Arthur, que sorria idiotamente, aproximando a boca da dela.
- EI! – Chay berrou – O que vocês pensam que estão fazendo? – Disse, sério. – Eu ainda não terminei a conversa aqui!
- Chay, cala a boca! – Lu dizia, fechando os punhos, e ele arqueou uma sobrancelha.
- Os Suedes são violentos, huh? – Ela apontou para as mãos de Lu, e Ully prendeu o riso – Dois minutos.
- Argh! – Lu deu um passo pra trás, murmurando algo que ninguém entendeu.
- Você pode ter “derretido” o coração dela... – Chay disse fazendo aspas – Mas eu tô de olho em você! – Disse, dando uma piscadinha, e o queixo de Aguiar caiu. – Eu fui um idiota, dude. Cuida bem da minha irmã.
- QUE? – Lu interrompeu, incrédula.
- Acho que esse cara gosta de você, baixinha. – Chay disse sorrindo – E se vocês estão felizes... Quem sou eu para dizer não?
- Meu irmão idiota e ciumento? – Lu fez bico e Chay riu.
- Me desculpa, Arthur. – Chay falou baixo, olhando para os pés. Aguiar sorriu.
- Você tá falando sério, dude?
- Nunca falei tão sério em toda minha vida.
Aguiar ficou em silêncio, em seguida abriu um sorriso maior que o próprio rosto.
- Aaaaah, dá aqui um abraço, Chayzinho! – Arthur o puxou com a voz afetada e os dois gargalharam, assim como Lu. – Obrigado, dude. Você não vai se arrepender!
Arthur piscou e puxou Lu pela mão, encostando os lábios nos dela.
- Eca! Não! Não! – Chay interrompeu de novo – Demais pra minha visão! Uma coisa de cada vez, argh!
Ele disse engraçadamente e todos gargalharam, derrubando-o no sofá sob um montinho sufocante. Lu encarou Arthur, que ria sem fôlego, e sorriu largamente, sentindo que talvez ele fosse muito mais do que ela pensava. Tudo aquilo era inesperado, mas aquele era o sorriso, o olhar, o garoto que tinha realmente conseguido mexer com ela. Como nenhum outro jamais conseguiria.

Créditos: Fanfic Obsession.