Web Summertime - Capitulo 4




Our new beginning

Arthur chegou em casa com um sorriso estranho no rosto – e uma sensação boa que não tinha há tempos. Tomou um banho rápido e ficou deitado em sua cama, apenas pensando na vida. Não havia conversado com nenhum dos amigos depois da aula de literatura, e não sabia se algum deles iria querer ir à festa. Mas tinha certeza de que ele queria. Era estranho como as coisas tinham saído fora do controle, e como isso tinha sido bom. Não lembrava exatamente da última vez em que tinha passado momentos tão agradáveis ao lado de Lua. Então, interrompendo seus devaneios, o telefone tocou.
- Alô.
- Fala, dude! – Thiago disse animado. – Bora na festa hoje?
- Festa? – Arthur tentou manter um tom desentendido na voz – Do colégio?
- E qual mais seria?
- Por quê? – Arthur estava feliz por não ter que explicar nada. Aquilo estava saindo melhor que o esperado.
- Porque a Cindy, a líder de torcida gostosa que eu passei a aula de literatura – Thiago riu sozinho – Vai estar lá. Cara, se eu te contar da minha aula você nem acredita...
- AHHHH PEGADOR! – Aguiar gritou e Amaral riu.
- Ela é muito gostosa, cara. A gente tem que ir.
- Tudo bem, eu vou com você.
- Sério? – Thiago parecia admirado com a resposta – Achei que teria que te subornar pra você vir comigo.
- Opa, eu aceito suborno! – Arthur gargalhou.
- Nem vem, você já aceitou de primeira! Agora eu vou ligar pro Chay, o Micael não quis ir... – Thiago fez um barulho estranho com a boca – Aquele bicha. Ele teve uma aula péssima com a Sophia e... Espera aí. Você tava com a Lua! – Amaral percebeu e Arthur caiu para trás na cama, derrotado. – Seu humor não está tão ruim.
- Nós não nos matamos. – Arthur sorriu para si mesmo.
- Ah, fala sério. Vai dizer que as duas crianças conseguiram passar duas horas sem a ambulância ser chamada? Não creio! – Thiago fez uma voz afetada e Arthur riu.
- Nós podemos ser civilizados de vez em quando. – Arthur queria parecer indiferente, mas mantinha um sorriso idiota no rosto. Ficou feliz daquela conversa estar sendo via telefone, não queria queThiago visse sua cara.
- Esse é o tipo de coisa que eu só acredito VENDO. – Amaral estava pasmo. – Conta como foi. Anda logo.
- Deixa de ser gay, cara! – Arthur riu alto e Amaral o acompanhou. – Eu não vou te contar nada. Agora liga logo pro Chay e para de encher meu saco. Eu quero dormir.
- Dormir pra ficar gatinho pra Lu? – Thiago fez uma voz feminina quase perfeita e os dois tiveram um ataque de riso.
- Vai se fuder, Thiago. Passa aqui em casa antes de ir pra festa.
- Fechado. 20h eu to aí.
Thiago desligou o telefone rindo. Não sabia o que havia acontecido, mas tinha certeza que a aula de Arthur e Lua não havia sido normal e estava bastante curioso. Conhecia muito bem seu amigo, e ali tinha coisa. Discou rapidamente para a casa dos Suede, e logo no segundo toque, Lua atendeu rindo.
- Alô. – A voz dela estava fraca, mas ela ria alto.
- Lu, é o Thiago. – Ele riu junto – Qual a piada?
- Oi amor! – Lu disse alto e riu de novo – Eu estou assistindo The Big Bang Theory.
- Sua viciada em seriados! – Thiago riu e ela também. – Tudo bem?
- Tudo ótimo e com você amor?
- Também. – Thiago franziu a testa. – Animada pra festa? Eu vou.
- SÉRIO? Que máximo, até que enfim você resolveu dar o ar da graça nos meus discursos micados! – Lu riu verdadeiramente, pensando em seus discursos – Aposto que tem dedo da Cindy.
- Não só o dedo como a Cindy inteira! – Thiago gargalhou.
- TARADO! – Lu fez uma voz indignada e os dois riram em conjunto.
Thiago ia pedir para que ela chamasse Chay quando teve um estalo. Arthur não comentaria nada, mas Lu, essa sim, falaria tudo. A curiosidade tomou conta dele novamente. Lua estava super animada, o que não seria normal depois de algumas horas ao lado de Arthur Aguiar.
- Lu, sabe quem vai comigo? – Amaral jogou verde, mas a garota não entendeu.
- A Cindy, lógico. – Ela disse num tom óbvio e Amaral riu.
- Além dela. – Thiago sorria para o própria pergunta.
- Hm... Er... Não sei. – Lu levantou-se do sofá e começou a andar de um lado para o outro. “Como você é ridícula, Lua. Fique quieta! Pare de agir assim. E daí que deve ser ele? Deixe de ser idiota.” Ela pensava, esperando resposta.
- Arthur.
- Ah. – Lu soltou um barulho com a boca e um surto de emoções estranhas começou a tomar conta dela. Algo que ela não queria admitir que estivesse sentindo. – Legal. – Ela disse sem animação.
- Foi legal a aula de vocês hoje? – Amaral estava quase rindo.
- Epa, aonde você quer chegar Thiago Amaral? – Lu rolou os olhos – Você já falou com o Aguiar, então devia ter perguntado pra ele e...
- ... ELE NÃO ME DISSE NADA! – Thiago gritou no alto da sua curiosidade e Lu riu.
- Nós não nos matamos.
- Eu acabei de ouvir isso, que merda.
- Ele disse isso?
- Disse.
- Hm. – Lu franziu a testa. Não sabia mais o que falar.
- Não vai me dizer?
- Não tem nada a ser dito.
- Chata.
Lu riu do jeito com que Thiago falava. Os dois conversaram mais um pouco, enquanto ele tentava arrancar dela algum detalhe oculto da aula, sem sucesso. Então ela passou o aparelho para Chay, porque já estava atrasada e tinha que chegar bem cedo para preparar algumas coisas que estavam faltando na festa.
- Lu, o Dj já está com o equipamento montado, a fogueira já está quase pronta, eu acho que está tudo certo! – Ully dizia animada.
- Perfeito! – Lu sorriu – Estamos ficando cada vez melhores nisso!
- Também acho! – Soph se intrometeu na conversa. – Eu falei com os nossos fornecedores de bebidinhas impróprias para adolescentes – A menina falou baixo e ria a cada palavra. – Tá tudo no esquema.
- Ah, nós somos ou não somos foda? – Mel disse e as quatro riram.
- SOMOS!
As meninas foram para suas respectivas casas se arrumarem para a última festa antes do verão. Ully foi junto com Lu para a casa dela, onde passaria aquela noite, após a festa. As duas se arrumaram empolgadíssimas com o som alto. Lu colocou um short curto e uma blusa comprida que deixava um ombro à mostra, assim como suas costas. Ully colocara um vestidinho floral curto que Lu adorava. As duas estavam lindas e matadoras, quando passaram pela sala para irem embora. Eram seis e meia da tarde.
- Já vão? – Chay disse sem ânimo algum, pausando o videogame.
- As organizadoras chegam antes. – Ully disse e Lu riu.
- Wow. – Chay olhou para as garotas – Vocês estão lindas!
- Obrigada, chuchu! – Lu agradeceu o elogio com um beijo no rosto do irmão, e Ully fez o mesmo. – Tem certeza que você não vai?
- Tenho sim! O Micael vai vir aqui, a gente vai ficar jogando...
- Programinha loser, hein Chay? – Ully provocou e Lu riu alto.
- Vocês adoram me chamar de loser, meu deus... – Chay rolou os olhos.
- Você devia aparecer, chuchu. Arraste o chatinho do Borges com você – Lu sorriu – Eu vou gostar de ter você lá.
- Se estiver entediante aqui, talvez eu vá. – Chay sorriu verdadeiramente.
- Olha lá hein! – Lua disse puxando a amiga pela mão – Vamos perua, já estamos atrasadas!
- Tchau Chay! – Ully disse sendo puxada porta a fora.
Lua e as amigas estavam maravilhadas com o sucesso da festa da praia. A maior parte da elite do colégio estava lá, o que era garantia de muitas fofocas e diversão. Além disso, uma grande parte de alunos desconhecidos também estavam presentes, deixando o local lotado. A grande fogueira ainda não estava acesa, esse era um ritual que aconteceria mais tarde. Lu estava ansiosa e queria simplesmente se afogar por causa disso. Ela não queria, mas de fato estava esperando por ele. E entre uma risada e outra, lembrava disso. Aquilo estava ficando profundamente irritante.
- Meninas, vou pegar mais Cuba, alguém quer? – Lu sugeriu andando por entre as pessoas.
- Eu quero amor! – Mel estendeu o copo para a amiga, que já estava indo para o bar.
Lu encheu os dois copos até a boca com a bebida e olhou mais uma vez em volta. Estava sentindo-se patética.
- Procurando alguém, gata? – Brian disse ao lado da garota, que deu um leve pulo.
- Que susto, cacete!
- Passou de ano? – Brian perguntava com uma voz sexy. Já estava bêbado. Lua reconheceria aquelas atitudes em qualquer lugar.
- Graças a Deus. Ficar de recuperação junto com você seria a destruição completa da minha vida. – Lu disse num sorriso maroto, e Brian riu.
- Você fica tão sexy brava... – Ele disse acariciando os cabelos da garota.
- Sai pra lá, Portman. Sinto informar, mas você é carta fora do meu baralho. – Lua disse saindo do bar, quando o garoto a puxou novamente.
- Só mais uma coisinha, Lua... – Ele sorriu com seus dentes brancos perfeitos – Vai ter volta.
- Nossa, que medo de você Brian! – Lu riu alto. – Me deixa em paz. – Ela disse, indo em direção as amigas.
Assim que Lua se distanciou, deixando Brian sozinho no bar, Ian, amigo dele, chegou a seu lado, eufórico – muitos chutariam a bebida, e sim, esse era um dos motivos. Mas não o único.
- Brow, consegui! – Ian dizia sorridente e algumas garotas babavam por ele um pouco mais adiante.
- Bom garoto! – Brian brincou – Então quer dizer que estamos passados? Sem recuperação esse ano?
- Tudo no esquema, já disse! – O garoto dizia orgulhoso – Entrei na sala e mudei as notas, férias garantidas!
- Ah, mas isso merece um brinde! – Brian disse pegando duas vodkas.
- Calma, ainda tem mais...
- Mais? – Portman estava radiante. – Fala logo!
- Bom, quando eu fui mudar as nossas notas em literatura...
- É, nunca pensei que ia dizer isso... Mas essa festa tá foda hein Lu? – Thiago apareceu do lado da amiga, que sorriu.
- Thiago, você veio! – Lu disse, pulando em seu pescoço – Cadê a Cindy?
- Foi ao banheiro com as amigas... Porque garotas amam ir ao banheiro juntas? – Amaral franziu a testa e Soph riu, aproximando-se com Ully .
- Banheiro feminino é quase como uma sociedade secreta, Amaral. – Ela sorriu.
- Por que, está procurando por quem? – Ully se fez de boba e Lua riu.
- A Cindy. – Thiago disse presunçoso.
- Ouvi dizer que ela deu pra metade do time. – Ully revirou os olhos e Lu olhou assustada pra ela.
- Ully!
- Tudo bem... – Thiago sorriu simpático – Eu não me importo. Eu conheço garotas como a Cindy. Mas nós estamos nos divertindo, e amanhã eu vou pra França com vocês. Não tem porque eu me preocupar com a fama dela. – Ele piscou para a garota que riu, sem graça.
- Ah.
- Thiago, sabe se meu irmão vem? – Lu perguntou enrolando os cabelos. Não era isso que queria perguntar. Amaral riu.
- Não sei, ele não me disse nada. Mas o Arthur está por aí, nós viemos juntos. – Ele sorriu malicioso e Lu fez um careta que fez as amigas rirem.
- Obrigada pela notícia, mas eu não tinha perguntado isso, Amaral.
- Só pro caso de você ficar curiosa sobre isso, mesmo. – Thiago ria – Acho que ele foi pegar uma bebida.
- Eu não perguntei nada, Thiago! – Lu disse com a voz um pouco mais alta, rolando os olhos. Mas sentiu um frio estranho na espinha ao saber que ele realmente tinha vindo. – Eu vou na cabine do Dj ver algumas coisas. Já volto.
- Se quiser me trazer uma bebida... – Thiago disse e Ully riu alto.
- Vá a merda, Thiago Amaral!
Arthur andava perdido por entre as pessoas. Algumas patricinhas o encaravam curiosas. Mas em geral, as pessoas estavam dançando, conversando e bebendo, e sua presença não fora muito percebida por lá. Já havia dado duas voltas no local e ainda não tinha encontrado Lua, e isso o estava deixando nervoso, ainda mais agora que tinha se perdido de Thiago. Então sentiu seu celular vibrar no bolso.
- Arthur, sou eu, Micael!
- Fala, dude! – Arthur gritou um pouco alto, devido ao som.
- Outch, meu ouvido porra! – Borges reclamou e Chay riu ao lado dele. – A festa tá da hora?
- Tá bem cheia – Arthur olhava para os lados – Nada de interessante. Quer dizer, tem muitas garotas aqui.
- Gostosas? – Micael estava ficando interessado.
- Aham! – Arthur riu, olhando a saia minúscula de uma menina que passou em sua frente.
- Eu e o Chay estamos indo pra aí, ligo quando a gente chegar! – Micael disse rapidamente e desligou o telefone, antes que Aguiar pudesse responder alguma coisa.
Arthur riu sozinho colocando o celular novamente no bolso, e alguém esbarrou com força em seu braço. Antes que virasse pra olhar, a pessoa estava em sua frente.
- Arthur Aguiar... – Brian riu rolando os olhos – Você por aqui.
- Brian Portman – Arthur riu, sem nenhum humor – Você por aqui. – Aguiar ainda se perguntava porque diabos aquele cara sabia seu nome.
- É raro ver você em festas decentes – Portman riu. – Seja bem vindo. Garanto que essa festa será a melhor, especialmente pra você. – O garoto disse, e alguns amigos que estavam ali, riram.
- Como é? – Aguiar franziu a testa.
- Na hora certa você vai saber. Ou não. Vai depender do meu bom humor... – Brian soltou um riso alto e saiu andando na direção de um grupo de garotas perto da fogueira.
- Fique esperto. – Ian disse rindo, antes de seguir o amigo.
Lu estava voltado ao encontro de suas amigas quando sentiu um braço pousando em seu ombro, e ouviu aquela risada que já era muito conhecida. Pela primeira vez em anos, em vez de ter um surto de raiva, sentiu sua nuca arrepiar ao ouvi-la.
- Difícil achar você por aqui!
Arthur sorriu largamente, fazendo com que a garota em sua frente quase desmontasse. Ele estava vestindo uma bermuda xadrez e uma camiseta preta, sem muitos detalhes. Mas ainda assim estava lindo. Aquele cabelo um pouco desalinhado e o perfume de Aguiar fizeram com que Lua abrisse um sorriso enorme quando viu o garoto. E ela não teve vontade de reprimir esse sorriso.
- É difícil de encontrar qualquer um aqui – Lu sorriu – Que bom que você veio. – Ela sorriu sincera, e Arthur riu.
- Eu disse que viria.
- Está gostando?
- Bom, está tudo muito legal – Aguiar torceu o nariz – Só não é muito a minha praia. – Lu riu do comentário.
- Entendo.
- Seu irmão está vindo!
- Sério? Que máximo, todos os losers virão! – Lu bateu palminhas e Aguiar fechou a cara. – Opa. Eu não quis te ofender, é que eu estou acostumada a...
- Desencana. – Arthur sorriu levemente – Eu também não me acostumei com essa relação civilizada ainda. – Ele disse e os dois riram.
- Lu, até que enfim te encontrei! – Mel chegou correndo – Tá na hora do discurso garota! E o Chay está aí!
- Ah, meu chuchu já chegou? – Lu disse e Arthur riu – Tudo bem, deveres são deveres. Estarei lá em um minuto.
Lua disse e Melanie deu uma piscadinha pra ela, indo em direção à fogueira.
- Bom, está na hora do meu mico anual! – Lu riu de si mesma, e Arthur a acompanhou. – Depois do meu discurso, a gente poderia tomar alguma coisa, sei lá... – Ela estava tímida. Arthur sentiu um calor por dentro. Sabia o quanto era difícil deixar Lu naquela situação, e ela ficava uma graça daquela forma. Parecia mais humana, menos intocável.
- Claro – Ele deu seu melhor sorriso – Vou esperar você ali nas pedras, tá?
- Está bem! Me deseje sorte! – Ela riu, como se soubesse que não precisaria daquilo, e saiu correndo, sem esperar resposta. Arthur ficou rindo ao olhar a garota quase tropeçando seguir seu caminho.
- E aí galera, estão curtindo a festa? – O Dj perguntou e vários gritos animados responderam. – Ótimo, então é hora de dar aquela pausa na música, pra aquela gata ali em frente a fogueira dizer algumas coisas! Vai lá Lu!
Lu riu junto com Ully da introdução que o garoto havia feito. Depois de tantas festas, era de se esperar que ele já fosse amigo delas. Chay, Micael e Arthur estavam sentados nas pedras com uma visão privilegiada do tal discurso. Thiago havia sumido com Cindy e seus amigos apostavam que os dois já estavam longe dali.
- Hey galera! – Lu deu um grito com um copo na mão – Bem, eu acho que todo mundo aqui quer dançar, e não sei nem porque eu tenho que ficar aqui pagando mico – Ela disse e Chay riu – mas vamos lá, né? Bom, esse ano foi difícil pra muitos de nós! Não vamos negar que aquele colégio é complicado, e sei que muitos espertinhos aqui nem devem ter passado de ano...
- Eu passei! – Ian gritou e alguns garotos riram.
- Que bom, Ian. Isso é realmente um milagre! – Lu riu alto junto com várias pessoas. O garoto ficou sem resposta. – Mas férias de verão é tudo o que nós esperamos durante o ano todo. E só fazemos aquelas provas difíceis pensando na praia, na pegação e na diversão que teremos um tempo depois! E isso chegou! – Lua disse em meio a aplausos, em especial das amigas. Arthur olhava para os lados, rindo. – E agora eu vou acender essa fogueira, em comemoração a esse tão esperado momento! FÉRIAS!
Ela gritou e todos aplaudiram. Pegou uma tocha acesa da mão de Mel e acendeu, sob o som de gritos altíssimos, a enorme fogueira montada no centro da festa, com um mar de aplausos.
- É isso aí! Declaro iniciadas as nossas amadas... FÉRIAS DE VERÃO!
Lu desceu do palco improvisado rindo do que tinha dito. Simplesmente achava aqueles discursos horríveis, e tinha ataques de riso todas as vezes que lembrava das coisas que normalmente dizia. Pegou Soph pela mão e puxou-a em direção ao grupo de amigos do irmão.
- Wow, você realmente sabe animar esses animais! – Chay bateu palmas e levou um tapa da irmã, que riu.
- Eu disse que era péssimo!
- Você foi ótima, Lu. – Arthur disse sorrindo e todos pararam para olhar para ele, incluindo Lua. Droga, havia pensado alto de novo.
- Como é dude? – Borges perguntou incrédulo.
- ... Ótima eu digo... no nível que esses animais merecem. – Aguiar “consertou” rapidamente e Lu fez uma careta estranha.
- Tava demorando. – Soph reclamou. – Chay, vamos pegar alguma coisa pra beber?
- Okay! – Chay concordou rapidamente, levantando.
- Eu também vou. – Micael disse rapidamente.
- Eu não te chamei! – Sophia retrucou.
- Desculpe, o bar não é seu, até onde eu sei!
- Mas eu organizei e...
- Cacete, andem logo vocês dois! Parecem duas certas pessoas que eu conheço! – Chay disse olhando pra Lu, que riu e mostrou o dedo, quando ele se distanciava.
- Então quer dizer que meus discursos são bons para animais? – Ela disse rapidamente, virando-se para Arthur.
- Desculpe, é que o Micael...
- ... Tá, esquece. Acho que vai ser sempre assim, mesmo. – Lu murchou e deu de ombros. No fundo havia imaginado que as coisas estavam dando certo. Virou-se para sair quando Arthur segurou seu braço.
- Ei, Lu. – Ele disse com o olhar baixo, ainda a segurando – Me... desculpe.
Aguiar disse incrivelmente corado e Lua se virou para ele. Aquela cena realmente era inédita.
- Você pediu... desculpas? – A garota olhava de rabo de olho, ainda sem acreditar.
- Você não vai aceitar? – Arthur olhou nos olhos dela, que abaixou rapidamente o olhar, com um sorriso quase se formando no rosto.
- Tá. Desculpas aceitas. – Ela sorriu olhando pra baixo.
- Aquele convite pra uma bebida ainda está de pé? – Aguiar perguntou com um sorriso animado no rosto, e Lu riu baixo.
- Claro! Vem comigo!
Lu puxou Arthur pela mão e foi correndo na direção oposta do bar. O garoto não estava entendendo muita coisa, mas estava rindo da situação. Ela pegou uma chave no bolso rapidamente e abriu uma Van branca que estava parada no estacionamento. Dentro dela havia um freezer grande. Aguiar arregalou os olhos fazendo com que a garota risse mais alto.
- Cerveja, Ice, Vodka, Vinho... Whisky? – Lu perguntava olhando com a luz do celular para dentro do freezer.
- Cerveja!
- Então duas cervejas para nós! – Lu pegou as duas garrafinhas verdes e fechou a Van. – O fornecedor mandou eu pegar mais aqui quando precisasse. É que tem que ser por baixo dos panos, sabe? Se a polícia descobre esse bando de menores de idade bebendo... – Lu riu marota.
- Lua é da máfia, baby! – Arthur disse mais alto e os dois riram. – Vamos sentar ali? – Ele apontou para algumas pedras que davam visão para toda a área da festa. Lu sorriu e o acompanhou, em silêncio.
- Quem diria... – Ela sorriu, olhando para a fogueira, que estava linda vista de cima – Eu nunca imaginaria que um dia ia tomar uma cerveja com você vendo a festa que eu organizei.
- Nem eu! – Arthur sorriu, olhando para a garota – Um brinde a isso!
Os dois bateram as garrafas e riram, bebendo. Ficaram lá por quase uma hora, conversando como velhos amigos e rindo sobre as coisas que aconteciam na festa. Ninguém parecia perceber a presença dos dois, ali em cima.
- Wow, acho que tenho que descer! – Lu disse, olhando no visor do celular. – As meninas devem estar loucas atrás de mim!
- Ah! – Arthur resmungou e a garota olhou para ele – Fica aqui. É tão mais legal!
- Eu sei... – Lu disse meio mole – Muito mais legal, mas...
- Não, nada de “mas”! – Arthur disse e os dois riram. – Cinco minutos! Eu ainda acho que aquele cara vai despencar da ponta do palco!
- Tadinho! – Lu disse alto e os dois riram – Tudo bem, cinco minutos!
Os cinco minutos se tornaram mais vinte quando Arthur finalmente se deu por vencido e acompanhou Lua de volta para a festa. Nesse meio tempo, tinham apostado sobre a queda do garoto do palco, e Lu devia cinco libras para Aguiar por causa disso.
- Nossa, essas pedrinhas escorregam! – Lu reclamava enquanto Arthur ria.
- Vem, dá sua mão! – Ele disse sorridente e ela estendeu, sem pensar duas vezes, a mão para segurar na dele. – Cuidado, não pisa ali...
- Tá, eu não vou pi...
Lu ia dizendo quando escorregou, puxando Arthur para baixo. Os dois caíram de bunda no chão e tiveram um ataque de riso.
- Eu disse pra você não pisar! – Arthur segurava a barriga de tanto rir.
Lu não conseguia responder porque estava rindo muito ainda. Brian estava passando com uma garrafa de Whisky na mão quando viu Arthur e Lua rindo feito loucos nas pedras. Uma súbita raiva tomou conta do garoto, que já estava completamente bêbado. Portman saiu em passos largos e decididos até a cabine do Dj, arrastando Ian e mais dois amigos. Esses amigos fizeram com que o Dj parasse a música rapidamente. Lua ouviu os gritos e reclamações repentinas e saiu correndo em direção a festa. Arthur foi logo atrás.
- O que diabos está acontecendo? – Lu quase berrou com Ully , que deu de ombros.
- Não sei amor, eu acho que deu algum problema na cabine...
- Eu vou ver! – Lu virou-se decidida quando ouviu uma voz conhecida vinda do palco.
- Olá, meus queridos amigos! – Brian cambaleava e vários olhares assustados o fitavam – Que tal um pouco mais de diversão essa noite?
- Yeah! – Os capangas de Brian gritaram e Lu saiu com as mãos fechadas em direção ao palco.
- Brian, desce daí AGORA! – Ela berrou, mas ele apenas riu.
- Nossa gente, calma... Eu tenho uma surpresinha pra vocês.
Chay, Micael e Thiago se aproximaram de onde Arthur e Ully estavam. Não demorou muito para que Sophia também chegasse ali. Melanie foi direto ajudar Lua.
- O que esse idiota tá fazendo? – Chay perguntou e Arthur franziu a testa.
- Não deve ser coisa boa.
- Portman, eu vou chamar os seguranças! – Melanie gritava ameaçadora, mas o garoto não moveu um centímetro.
- Vamos lá, antes que as pessoas se estressem comigo. Me dá aquilo lá, Ian. – Brian ordenou e rindo alto, o amigo entregou alguns envelopes em suas mãos. Os envelopes da aula de literatura.
- Puta merda. – Sophia logo reconheceu os papéis, e saiu correndo até as amigas.
- Eu vou falar com a segurança! – Ully disse prontamente.
- Eu vou com você! – Thiago a seguiu.
- “Kelly Newman sobre Paul Prescott” – Brian começou a ler, presunçoso, e todos agora prestavam absoluta atenção, rindo sobre as coisas lidas.
- Brian, onde você arrumou isso? – Soph gritou e Ian prontamente respondeu.
- Ah, um bom mágico nunca revela seus truques, Abrahão!
- Brian, deixa de ser ridículo, os seguranças estão vindo, desce daí! – Lu estava absolutamente nervosa.
- Mas estão gostando, não estão? – Brian perguntou e várias pessoas gritaram – Viu só? Eu também sei chamar atenção! E eu nem cheguei na melhor parte, gatinha! – Brian riu sozinho e Lua teve um surto. – Vamos pra outro envelope... “Katie Stern sobre Jennah Roberts”
Brian começou a ler o papel e Lu olhou para o lado. Jennah estava chorando pelas coisas que a outra garota havia escrito sobre ela. Aquilo não daria certo, não mesmo.
- Chega! Eu vou até a cabine ligar esse som eu mesma, aí esse idiota vai calar a boca! – Lu berrou para as amigas e abriu passagem, passando por Arthur e empurrando algumas pessoas pelo caminho.
- “Lua Suede sobre Arthur Aguiar” – Brian anunciou alto. Lua parou, de costas, com as mãos fechadas em punhos. Aquilo não podia estar acontecendo. – Esse envelope é meu preferido! – Brian continuou sob olhares atentos.
Arthur olhou para trás e viu que Lua estava paralisada, de costas para o palco. Deu dois passos a frente e juntou-se com Sophia e Mel.
- Façam esse cara parar! – Aguiar disse um tanto alterado, quando Brian começara a ler, imitando uma voz feminina. E de repente toda a festa estava prestando atenção.
“Arthur Aguiar é um garoto completamente diferente de mim. Diferente do que eu esperava sobre ele... Arthur é o único capaz de entender o que eu realmente penso ou sinto, e acho que é por isso que nós brigamos tanto. Eu simplesmente odeio estar desarmada em frente às pessoas. Eu gosto de ser a Lua Suede que todos vêem por aí. Mas essa não é a Lua que ele vê. Quando ele olha pra mim eu tenho absoluta certeza de que ele vê através, e isso me deixa desconcertada...” – Brian parou para rir – “Agora vou confessar... Eu adoro a risada dele e aquele sorriso tímido, acho que o mundo fica mais leve com isso. O jeito que ele...”
As lágrimas escorriam pelo rosto de Lu, que estava parada, agora olhando para Brian, que ria a cada palavra da maldita carta da aula de literatura. Arthur olhou para trás e seu olhar se encontrou com o de Lua. Foi quando ele percebeu que ela estava chorando. Em meio segundo, deu mais alguns passos e puxou Brian para baixo do palco, dando um soco certeiro em seu rosto. O garoto caiu na areia.
- Filho da puta! – Brian gritou e acertou outro soco em Aguiar, que cambaleou. - Você vai ser só mais uma vítima na mão dela!
Aguiar nada respondeu, mas tinha raiva no olhar. Virou outro soco na barriga de Portman. Lua já estava ao lado das amigas gritando por socorro quando Ian também partiu pra cima de Aguiar, derrubando-o no chão. Então Thiago, Chay, Micael e outros garotos conseguiram apartar a briga com algum esforço.
- Eu disse que ia ter volta, vadia! – Brian gritava tentando se soltar dos braços de um desconhecido. – Me solta, porra! Eu ainda quero acertar uma no olho desse...
- Solta, deixa ele vir! – Arthur provocava, chamando-o com o dedo, enquanto também tentava se soltar de Thiago.
- Arthur, fica na sua! – Amaral segurava o amigo com mais força.
- Já chega vocês dois! – Lu gritou com os olhos vermelhos. – Você é podre, Brian. Muito pior do que eu esperava!
O som alto de uma música do Strokes tomou conta da festa e as pessoas abriram espaço para que Lua saísse correndo dali.
- Ela não está em lugar nenhum! – Mel chegou correndo ao lado de Micael. Chay colocou a mão na cabeça, preocupado.
- A Soph também não achou nada. O Thiago e a Ully estão procurando ainda. – Ele colocou as mãos nos bolsos – Caralho! Eu vou quebrar esse Portman!
- Você não vai nada, Suede. – Melanie logo advertiu – Tudo o que nós não precisamos agora é que você se machuque. E o Arthur?
- Ainda está procurando. – Chay disse desanimado.
- Vai ficar tudo bem, dude. – Borges consolou o amigo, que forçou um sorriso.
- É verdade, Chay. Eu conheço a Lu... Ela só deve estar por aí pensando na vida. Não vai fazer nada de errado! – Mel sorriu e Chay ficou mais aliviado.
Arthur estava andando ao longe na praia, já pensando em voltar, quando avistou Lua sentada próxima ao mar. Antes que ela o visse, pegou o celular rapidamente e discou para Chay.
- Achei, cara. Vou lá falar com ela. Mas relaxa que ela está bem. – Ele disse simplesmente, e desligou o aparelho.
Aguiar andou devagar com as mãos nos bolsos até onde a garota estava. Lu estava distraída, desenhando na areia.
- Hey. – Ele disse, sentando-se ao lado dela – Posso ficar aqui?
- Aham.
Ela respondeu olhando pra baixo e dois minutos de silêncio pairaram ali. Arthur estava olhando para o mar, quando Lu virou-se bruscamente para ele.
- Me desculpe, você deve ter se machucado! – Ela parecia lembrar-se disso somente agora. Aguiar riu.
- Está tudo bem...
- Deixa eu ver! – Ela acendeu a luz fraca do celular para iluminar melhor o rosto do garoto – Ele te bateu aqui... Ah Arthur, sinto muito...
- Ei, já disse que está tudo bem! – Ele sorriu olhando nos olhos vermelhos da garota – Deve estar doendo mais nele. – Ele riu e Lu sorriu, rolando os olhos.
- Metido.
- Realista.
- Ah, fica quieto! – Ela riu baixo.
Arthur olhou para Lu novamente e sentiu um arrepio na espinha. Estavam longe da orla, o local era pouquíssimo iluminado, mas ela estava incrivelmente linda ali. Era realmente estranho tudo aquilo.
- Posso falar uma coisa? – Arthur sorriu tímido e Lu assentiu. – Eu fiquei curioso pra saber o resto da carta... Não me bate! – Ele disse rapidamente e Lu tentou não rir.
- Você e o resto do colégio... Eu não precisava disso.
- Eu sei, desculpe.
- Não tem porque se desculpar. – Ela suspirou abraçando os braços.
- Frio? – Arthur perguntou e sorriu, quando ela afirmou com a cabeça. Então ele tirou o casaco fino que estava vestindo e colocou nas costas dela.
- Você não estava vestindo isso. – Lu franziu a testa e ele riu.
- Peguei no carro depois da briga.
- Ah. – Lu abaixou os olhos ao lembrar da cena – Obrigada, de qualquer forma.
- Por nada.
- Arthur, promete uma coisa pra mim? – Lua perguntou do nada e Aguiar franziu a testa, sem entender.
- O que?
- Não vá ficar se achando pelas coisas que você ouviu. Aliás, finja que não ouviu nada. – Ela pediu com um olhar suplicante e Aguiar sorriu levemente.
- Eu não posso fingir que não ouvi, Lua... – Ele disse calmo e ela o olhou – Até porque eu gostei do que eu ouvi, de verdade.
- Mas...
- ... Mas relaxa, eu não vou ficar me achando. Eu não vou comentar mais nada sobre isso, prometo. – Arthur sorriu, fazendo com que Lu o acompanhasse.
- Obrigada. E desculpe pelo o que Brian fez com você. Eu juro que vai ter volta! Ele não perde por esperar! – Lu estava ficando nervosa novamente. Fechou as mãos e os olhos já estavam marejando de novo, enquanto ela olhava para o nada.
- Lu, eu já disse que está tudo bem! – Arthur disse olhando nos olhos da garota – De verdade.
- Eu não precisava passar por isso. Muito menos você. Eu fico me perguntando porque eu fiquei com esse cara... – Uma lágrima do rosto da garota. Arthur, sem pensar duas vezes, a enxugou num toque leve, e Lu olhou nos olhos dele, involuntariamente.
- Não pense assim. – Ele sorriu passando a mão de leve nos cabelos da garota – Ele que devia ter orgulho de... – Aguiar parou para medir as palavras – Orgulho de ter namorado uma garota como você.
Lu olhava fixamente nos olhos de Arthur, que estavam refletindo a pouca luz do lugar e o silêncio tomou conta do lugar. Só podiam ouvir o quebrar das ondas mais adiante. Ela simplesmente não sabia o que dizer, mas estava sentindo-se reconfortada. Apenas por estar ali, com Arthur Aguiar, que poucos dias antes era motivo de sua fúria.
- Arthur...
- Eu...
- Eu posso... – Lu olhava para baixo com um sorriso quase infantil no rosto – Ah, esquece.
- Ah não! – Arthur virou de frente pra ela, curioso – Agora fala.
- Não! – Lua riu.
- Ah, por favor! – Arthur fez cara de cão sem dono e Lu rolou os olhos, rindo.
- Eu não sei porque eu estou pedindo isso, que fique claro – A garota voltara a olhar para os pés, visivelmente tímida – Isso é estranho.
- Você ainda não pediu nada.
- Você vai achar estranho.
- Tente.
Lu rolou os olhos numa risada baixa e sincera. Sentou-se de frente para Arthur e sorriu.
- Posso abraçar você? – Lu olhou para baixo e não viu o sorriso que Arthur abriu – É que não sei, fiquei com vontade. Eu preciso abraçar alguém e...
Lu ia atropelando as palavras tentando consertar o que acabara de dizer, e tinha a sensação que não devia ter dito nada. Estava falando sem parar quando Arthur soltou uma risada muito alta.
- O que foi, tá louco? – Lu parou do nada vendo o garoto rir. – Para de rir, Arthur Aguiar! O que aconteceu?
- Caramba, você fala demais! – Ele riu e continuou, antes que ela pudesse se manifestar – Vem cá!
Arthur a puxou para mais perto e abraçou com força. Lu respirou fundo sentindo o perfume do pescoço do garoto. Pousou sua cabeça sobre o peito dele, o segurando com toda força que podia. Aguiar mantinha os olhos fechados ao acariciar os cabelos e o rosto frio de Lua. Ficaram ali, sem dizer nada por alguns minutos, mas sentindo-se incrivelmente bem. Com um pouco de esforço, Lu saiu dali, contra a própria vontade. Estava com vergonha, mas sentia-se muito bem. Era como se nada tivesse acontecido. Aquele momento havia apagado todos os outros daquela noite. Arthur abriu um sorriso encantador e a garota quase teve certeza que suas pernas nunca mais obedeceriam.
- Você não precisa pedir. – Aguiar disse, ainda sorrindo.
- Bom saber.
Lu sorriu mais largamente e apoiou sua cabeça no ombro de Arthur, que envolveu sua cintura com a mão. Ficaram olhando o mar sem dizer nada, por mais um tempo, ignorando o quanto estranha era aquela situação para os dois.
- Eu acho que tenho que ir pra casa. – Lu disse, quebrando o silêncio.
- Porque?
- Porque eu tenho casa! – Ela respondeu e os dois riram.
- Mas você não precisa ir agora!
- É, acho que não... – Lu sorriu meio torto – Mas ainda tenho algumas coisas da bagagem pra ver e...
- Eu vou te levar pra casa. – Arthur disse levantando.
- Não, não precisa Arthur! – Lu continuava sentada, estendendo a mão para que ele a ajudasse – Não precisa se incomodar.
- Eu faço questão. – Arthur sorriu – Vou ficar com você até a noite terminar. Só pra ter certeza.
- Certeza de que? – Lu já estava em pé, olhando desconfiada.
- Certeza de que isso realmente está acontecendo. – Ele riu, tímido, e Lu sentiu as pernas bambearem de verdade.
- Já que é assim... – Ela sorriu – Aceito sua carona.
Lua e Arthur foram conversando sobre coisas aleatórias no caminho até o carro. A festa estava sendo desmontada, devia ser tarde, mas Lu não se preocupou em conferir. Não estava com cabeça para aquilo, mas estava feliz. Em alguns minutos pararam em frente ao carro de Arthur. Lu sentou-se e olhou de rabo de olho para o rádio. O caminho era curto, chegariam rápido. Mas mesmo assim uma música cairia bem.
- Posso? – Ela perguntou, já ligando o aparelho. Arthur riu.
Um Cd do Beach Boys começou a tocar e Lu sorriu.
- Sem chance de Snow Patrol ser sua banda favorita! Ela disse e Arthur riu.
- Não é. – Ele disse, batucando no volante – Mas aquela música estava pedindo pra ser ouvida.
- Faz sentido! – Lu riu baixo – Eu adoro essa música!
Lua fez da própria mão um microfone e começou a cantar junto com o Cd. Arthur teve um ataque de riso olhando para a garota balançando a cabeça de um lado para o outro ao seu lado.
Wouldn't it be nice if we were older? (Não seria legal se nós fossemos mais velhos?)
Then we wouldn't have to wait so long (Então nós não teríamos que esperar tanto)
And wouldn't it be nice to live together (E não seria legal se vivêssemos juntos)
In the kind of world where we belong (Em algum tipo de mundo em que nós pertencemos)
Lu olhava para Arthur rindo junto da própria cena. Afinou a voz e continuou cantando.
You know it's gonna make it that much better (Você sabe que vai ser muito melhor)
When we can say goodnight and stay together… (Quando pudermos dizer "boa noite" e ficar juntos)
Arthur ainda ria quando voltou a batucar no volante. Lu estendeu seu “microfone para ele, e os dois começaram a cantar juntos.
Wouldn't it be nice if we could wake up (Não seria legal se pudéssemos acordar)
In the morning when the day is new (Na manhã de um dia novinho em folha)
And after having spent the day together (E depois de termos passado o dia juntos) 
Hold each other close the whole night through (Ficaríamos abraçados a noite inteira) 
- Ah, eu preciso respirar! – Arthur estava em meio a um ataque de riso. Lu gargalhava mais ao olhar para o garoto.
- Fala se eu não sou a melhor cantora que você já ouviu? – Ela abaixou um pouco o volume do rádio, arfando.
- Nossa, você deveria ganhar o Grammy! – Arthur riu sarcástico e levou um tapa no ombro – Outch! Eu não sou saco de pancadas, dona Lua!
- Tudo bem, você já apanhou por hoje!
Lu virou os olhos, rindo. Arthur estacionou em frente ao jardim da casa dela, devagar.
- É, eu acho que é isso. – Ele parecia desanimado com a idéia, o que fez a garota sorrir.
- Obrigada por esta noite, Arthur. – Lu sorriu sincera e ele a acompanhou.
- Acho que todas as coisas boas tem que ter um final, não é mesmo? – Arthur sorriu desanimado. – Mas nos vemos na França! – Ele riu.
- É, a França que nos espere! – Lu e Arthur bateram as mãos, e riram. – Vou entrar. Obrigada, de verdade. – Ela disse, estalando um beijo no rosto do garoto, que sorriu.
- Até mais tarde!
Arthur esperou Lua entrar em casa e acelerou o carro, extremamente feliz. Voltou algumas faixas do Cd para a Wouldn’t it be Nice e foi cantando e rindo, até chegar em casa.
Lua fechou a porta atrás de si e estava tudo escuro. Sua mãe já estava dormindo e Chay provavelmente estava ajudando Ully e as garotas com a arrumação da festa, coisa que ela devia estar fazendo. Mas não estava se importando. Colocou as mãos nos bolsos e subiu as escadas, sorridente. Só quando chegou ao quarto percebeu que ainda vestia a blusa vermelha que Arthur havia emprestado. Riu sozinha e não tirou a blusa, jogando-se para trás na cama. Aquele perfume estava lhe fazendo bem.
A casa de Arthur estava vazia – sua mãe havia saído com algumas amigas – Então ele se jogou no sofá ainda com um sorriso besta no rosto. Ficou olhando para o teto, sem acender a luz, quando sentiu o celular vibrar no bolso da bermuda. Pegou o aparelho rapidamente, e com um sorriso ainda maior no rosto, leu a mensagem que Lu havia enviado.
“Todas as coisas boas têm que ter um final, mas algumas coisas nem sempre tem fim.”
Arthur estava se preparando para digitar uma resposta a altura quando uma nova mensagem chegou. Ele riu ao olhar para o texto.

“Ah, devolvo sua blusa na França... Ou não. Eu gostei dela, hahaha. xoxo, Lu :*”
Lu estava jogada na cama com o celular na mão quando ele vibrou. Achou que seria uma mensagem, então se assustou quando viu que era uma ligação. De Arthur. Respirou fundo e atendeu, sorridente.
- Mas já está com saudades de mim? – Lu brincou e Arthur riu de verdade.
- Pretenciosa.
- REALISTA.
- Fica quieta. – Os dois riram juntos para a eterna piada entre eles. – Recebi seu SMS. E antes que você me zoe por ter ligado ao invés de ter respondido – Arthur disse e Lu riu – Eu só liguei para dizer que vamos ter problemas sobre essa blusa, eu gosto muito dela. – Arthur gargalhou.
- Ah, é realmente uma pena! – Lu enrolava os cabelos, rindo baixo – Ela fica melhor em mim do que em você.
- Isso é o que nós veremos, na França! É tão legal dizer isso! – Arthur riu empolgado fazendo a garota sorrir e rir ao mesmo tempo.
- Melhor do que dizer vai ser ESTAR lá, docinho. – Lu fez uma voz afetada e os dois desataram a rir.
- Com certeza!
Lu ouviu o barulho do carro de Chay estacionando e fez uma careta estranha.
- Droga, vão descobrir que eu fugi da limpeza! – Ela murmurou e Arthur riu. – Tenho que desligar Arthur! Vou tentar fingir que estou dormindo! – Ela disse rapidamente.
- Boa sorte com isso! – Aguiar disse rindo. – Ah, só mais uma coisa!
- O que?
- Se algumas coisas não tem fim... – Arthur parou no meio da frase e soltou um longo suspiro – Essa será uma delas. É só um novo começo. O nosso começo.
Lu voltou a sentar na cama e teve a nítida sensação de que tinha esquecido de respirar [n/a isso é tão Bella hahahaha] ou que suas pernas iriam fazer com que ela despencasse. Fechou os olhos, sorrindo, e ficou em silêncio até conseguir pensar algo suficientemente bom, ou pelo menos aceitável, para responder.
- Eu tenho certeza disso. – Ela disse com a voz baixa, e Arthur abriu um imenso sorriso. – Não vou esquecer o que você acabou de dizer, dica. Eu vou cobrar. – Ela riu e ele também.
- Pode cobrar. – Ele sorriu.
- Boa noite, Arthur. Obrigada... De novo.
- Boa noite, Lu. Durma bem.

Créditos: Fanfic Obsession.

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