Web Summertime - Capitulo 6




 It’s easier to hate you

- Lua, você quase furou meu ursinho de pelúcia, sua louca! – Melanie reclamava pela milésima vez enquanto Sophia ria alto.
- Antes o teu ursinho do que a tua mão, garota! – Lu disse rapidamente e riu sozinha, lembrando do que Arthur havia dito poucas horas antes. – Luvas de boxe realmente seriam uma ótima opção. – Ela disse e Mel a encarou, totalmente confusa.
- Que? – Disse e a garota chacoalhou a cabeça, levemente corada.
- Nada, tava pensando alto aqui. – Lu respondeu rindo baixo e seguiu andando em direção ao táxi.
Ao descerem do carro, as quatro amigas encararam a mansão boquiabertas. Depois de quase cinco minutos de sorrisos nos rostos e silêncio, Ully começou a dar pulinhos animados e todas gargalharam.
- Não acredito, é aqui mesmo Lu? – Soph perguntou e Lua assentiu, sorrindo mais do que o próprio rosto.
- Ok, quem acha que essas serão as melhores férias das nossas vidas? – Ully perguntou e gritinhos animados responderam rapidamente sua pergunta.
As garotas entraram na mansão e todo o cansaço do dia no aeroporto foi literalmente pelos ares. A piscina gigantesca, a sala enorme com sofás mais do que confortáveis e tudo devidamente arrumado. Correram até o andar de cima e encararam as onze portas dos quartos e riram felizes. Apenas o que pertencia à sua tia estava trancado.
- Lu, por favor, me diga que a sua tia está afim de adotar uma adolescente? – Ully perguntou e Lua gargalhou – Eu nem vou ocupar muito espaço, ah! Tia Janice me adote! – Ela continuou e as quatro caíram na risada.
Depois de escolherem seus quartos e comerem alguma coisa, a última coisa que queriam era dormir, mesmo com todo o cansaço. Colocaram seus biquínis e foram em direção à praia que tinha logo em frente ao portão. Lu estava maravilhada, não tinha idéia de que a Riviera Francesa poderia ser tão encantadora assim. Mas ainda faltava alguma coisa, e ela sabia muito bem do que se tratava. Um meio sorriso se formou em seu rosto, e Lu preferiu não lutar contra isso. Ele estava chegando, e por mais incrível que isso parecesse, ela estava adorando.
- Meu deus, aquele surfista era simplesmente UMA DELÍCIA! – Melanie disse e as amigas riram, ao entrarem na sala da mansão.
- Sou obrigada a concordar amiga, ele realmente era um mau caminho inteiro! – Lua disse e as duas jogaram beijo no ar.
- Gatas, chegamos! – Chay apareceu rindo alto e seus olhos brilhavam. Lu riu do irmão, mas ainda assim sentiu o estômago revirar com pensamentos malucos de novo. Aquela aproximação com Arthur não tinha feito bem para sua sanidade mental.
- É, nada pode ser perfeito, não? – Mel disse e Chay fez careta.
- Não fala assim com o meu chuchu, Melanie! – Lu se jogou no colo do irmão, que riu e a rodou no ar. – Chay , pára com isso! – Ela gritava e o estapeava, enquanto as amigas riam. E em meio a uma dessas voltas, viu Arthur parado na porta da sala de jantar, com um sorriso fofo no rosto, apenas observando a cena. Sorriu involuntariamente, e Chay a devolveu para o chão. – BABACA! – Ela segurou a cabeça e Chay riu.
- Hey, meninas! – Arthur aproximou-se tímido e Lu sorriu. Ully logo reparou e reprimiu um riso. Ele cumprimentou cada uma delas com um beijo no rosto, e Sophia estava achando aquilo absurdamente estranho. – Hey!
Ele disse baixinho e cumprimentou Lu da mesma maneira que fez com as outras. A garota mal pode responder, ainda estava tonta com a brincadeira do irmão e despencou numa poltrona que estava atrás dela, arrancando gargalhadas de todos os presentes, e de Micael, que chegara ali.
- Nossa Arthur, meus parabéns! Olha o que você fez com a garota! – Borges disse fazendo Chay rir alto, e Lua levantou o dedo do meio para o garoto.
- Cala a boca, Borges! Nem que ele quisesse! – Lu respondeu rapidamente e o sorriso de Arthur logo sumiu, mas ele não disse nada. A garota levantou no mesmo instante quando viu Thiago e deu um abraço caloroso no amigo, que sorria abobalhado. E tudo o que Aguiar conseguia pensar era que queria estar no lugar de Amaral. Chacoalhou a cabeça pra evitar mais pensamentos idiotas e foi até a cozinha, seguido por Chay.
- Aonde vocês vão? – Lu perguntou jogada em um dos sofás e Thiago sorriu.
- Pra praia, precisamos fazer um social, sabe? – Amaral arqueou a sobrancelha e riu maroto, fazendo a amiga gargalhar. Ully, que falava sem parar, apenas observava o garoto sem dizer nada.
- Safadão, mal chegou e já quer arrumar uma francesa? Quer dizer que já vai esquecer de mim? – Lua disse com uma voz afetada e Thiago se jogou em cima dela no sofá, rindo alto.
- Claro que não, você é a titular, mas eu preciso povoar meu banco de reservas! – Ele piscou e a garota desatou a rir.
- Você não presta! – Ela disse e Arthur apareceu na sala junto com Micael.
- Estamos indo, Thiago. – Aguiar disse simplesmente e Thiago riu, beijando a testa de Lua e seguindo os dois.
- Arrasa gostoso! – Lu gritou e Micael a encarou, confuso. – Eu tô falando com o Thiago, hein! – Ela disse e Amaral gargalhou da cara que o amigo fez. Arthur foi o último a sair da sala, sem olhar para onde Lu e Ully estavam, e de uma sensação estranha percorreu o corpo de Lua por alguns segundos, até Ully começar a falar de novo.
- Lu, você JURA que se eu te perguntar uma coisa, você não vai ficar brava? – Ully disse e Lua a encarou, com o coração batendo forte. O que diabos ela queria perguntar? Sua amiga era observadora, e isso lhe dava medo.
- Claro que não vou, Ully. Pode perguntar. – Respondeu tentando manter a indiferença e Ully se ajeitou na poltrona.
- Você já ficou com o Thiago?
- QUE? – Lua arregalou os olhos que começou a gargalhar sem parar. Estava vermelha, roxa, mal podia respirar. Aquela pergunta era realmente absurda. Ully a encarava, também rindo, mas curiosa. Aos poucos a respiração de Lu voltou ao normal e ela encarou a amiga, um tanto aliviada da pergunta não ter sido sobre Arthur.
- Tá maluca? Seria como beijar o Chay, Ully! Eu nunca fiquei e nem ficaria com o Thiago, sua maluca! – Ela respondeu e a amiga sabia que era verdade. Sorriu. – Tá sorrindo porque, baranga? – Lu perguntou e Ully corou, o que era muito difícil de acontecer.
- Por nada, ué. – A garota disparou e Lua arqueou a sobrancelha, olhando maliciosa.
- Ully... – Disse com a voz autoritária e a amiga riu.
- Ah Lu! – A garota reclamou e olhou pro teto, envergonhada. – Por nada. Juro. É que...
- Que?
- Caramba, eu nunca tinha reparado que ele é tão sexy! Ele fica andando sem camisa por aí e MEU DEUS, Thiago Amaral me surpreendeu! – Ully disse e Lua riu alto.
- Quer pegar?
- Pegar quem? – Sophia chegou na sala e as duas gelaram. Ully soltou um olhar piedoso para Lu.
- O surfista gostoso! Eu disse que posso cedê-lo pra Ully, se ela quiser! – Lua respondeu prontamente e Soph riu, acreditando. As duas ficaram felizes de Sophia não ser extremamente desconfiada e nem muito esperta, porque se não estariam ferradas.
- Eu quero voltar pra praia, preciso descobrir se o gostosão voltou ou não! – Mel disse e as amigas sorriram, concordando.
- Ótimo, estou morrendo por um sex on the beach! – Lu disse normalmente e Soph começou a rir escandalosamente.
- Oh pai do céu, eu só tenho amiga doida! – Lu disse rindo. – O que foi, Sophia?
- A Lu tá afim de um sexo na praia, olha só que tarada! – Soph respondeu e as amigas gargalharam. Ully deu um tapa na testa de Soph.
- Você é muito boba, amor! – Ela disse e as quatro atravessaram a rua até o quiosque onde haviam ficado pela manhã.
Lua tirou o vestido preto e ficou apenas com seu biquíni listrado e seus óculos escuros. Pediu sua bebida no quiosque e ficou olhando em volta, tentando convencer a si mesma que procurava o irmão, quando sabia que não era isso.
- AH, GOSTOSA! – Mel apertou a cintura da amiga, que deu um pulo e xingou alto, fazendo a garota gargalhar.
- Tá louca, Mel? Me mata do coração assim! – Lu disse e a menina ainda ria.
- Vamos dar uma volta por aí? As dondocas querem tomar sol, e eu quero ver o que tem de bom nesse lugar... – Mel sorriu marota e Lu balançou a cabeça, rindo baixo.
- Okay, vamos desvendar a Riviera, baby! – Lua respondeu rapidamente e saiu com Melanie para mais perto da água.
As duas estavam andando e chamando um pouco de atenção, e como toda mulher, estavam adorando. Mas Lua ainda procurava insistentemente por Arthur, e aquilo estava ficando irritante. Avistou Micael e Chay bebendo na areia e sorriu de canto.
- Olha lá, meu irmão e o Micael! Vamos falar com eles, Mel! – Ela disse puxando a amiga, que tentava a puxar para o outro lado, sem sucesso.
- Cacete Lua, a gente vê eles todo dia, porque temos que... – Melanie ia dizendo quando Lu a interrompeu.
- Eu só tô com sede, vou pegar um gole da cerveja do meu irmão, amor. – Lu disse com a voz doce e Mel sorriu, derrotada. – Fala branquelo! – Lu disse e Chay riu.
- Falou a from geto, hein? – Chay disse e Lua gargalhou, assim como Melanie. Ela geralmente não gostava de rir do que Chay dizia, por pura implicância. Mas não conseguiu se conter.
- Me dá um gole disso, mané! – Lu pegou a cerveja do irmão, e sorriu. – Cadê o... – Ela parou ao ver que Micael a encarava. – Thiago?
Micael riu.
- Acho que ele foi no quiosque pegar mais cerveja. – Borges disse indiferente e Lu bateu os dedos na garrafa, inquieta. Não sabia como perguntar.
- Que cara é essa, Lua? – Mel perguntou e Lu a xingou mentalmente.
- Nada! – Lu respondeu rapidamente devolvendo a garrafa para Chay .
Então ela olhou rapidamente em volta e seus olhos pararam no mar. Olhou mais fixamente e viu que uma garota sorria abobalhada, e mais a frente, viu Arthur. Ele também sorria e suas mãos tocavam a cintura da menina.
- Lu? – Chay a chamou para a realidade. A garota ainda encarava o mar, boquiaberta.
- É o... Arthur? – Perguntou com a voz baixa e Micael riu ruidosamente.
- Meu garoto não perde tempo! – Borges respondeu e Lua não sabia o porquê, mas seu estômago parecia dar cambalhotas dentro dela. Respirou fundo e viu Thiago chegando.
- Gatas! – Ele disse e Melanie fez careta. Mel realmente não se dava bem com nenhum dos garotos.
- Oi. – Lu respondeu baixo. – Vamos procurar aquele cara, Mel? – Ela perguntou e Thiago olhou para o mar, e voltou o olhar para amiga de um jeito piedoso. Talvez Amaral fosse o único que estava captando tudo.
- Claro! – Melanie respondeu aliviada e puxou a amiga pela mão.
- Lu! – Thiago a chamou e ela virou.
- O que foi?
Thiago encarou o mar e olhou para a amiga. Chay, Melanie e Micael encaravam os dois sem nenhum disfarce, e Amaral desistiu.
- Nada, esquece! A gente se vê mais tarde! – Ele disse e Lua fez careta, mas não falou nada. Apenas seguiu Mel e sumiu dali.
Lua estava em uma das cadeiras na borda da piscina, com Soph ao seu lado. Ully e Mel estavam na água, e todas conversavam animadamente naquele fim de tarde. Lu olhava para o céu e tentava entender porque estava com tanta raiva. Sim, ela estava nervosa, mas conseguia muito bem disfarçar, isso já tinha virado normal para ela. Sorrir para quem não a conhece, disfarçar sentimentos, segurar o choro... Tudo isso era básico, simples. Nenhum esforço anormal. Ouviu um barulho no portão e risadas altas. Respirou fundo e continuou imóvel.
- Ué, pensei que ainda estariam na praia! – Micael disse e Ully sorriu.
- Estamos experimentando de tudo um pouco, querido! – Ela respondeu e ele sorriu. Ao contrário de Melanie, Ully não tinha nenhum ódio fenomenal por nenhum dos garotos.
- Droga, pensei que a piscina seria nossa! – Chay reclamou e Lu riu, virando-se de lado. Seu olhar encontrou o de Arthur e ele sorriu brevemente. Ela desviou rapidamente e levantou. Arthur encarou boquiaberto o corpo perfeito de Lua. Era indiscutível que ela era linda, mas vê-la ali de biquíni, tão próxima dele, era no mínimo tentador.
- Nós não iremos matar vocês, podem usar a piscina, Chay! – Ela disse e o irmão riu. Arthur voltou à realidade e olhou para onde os dois estavam. – Vou pegar uma Coca! –Lua disse por fim.
- Me dá uma carona? – Mel brincou e Lu riu. – Vou ao banheiro.
As duas saíram e Thiago deitou na cadeira onde Melanie estava. Lu seguiu sozinha para a cozinha gigantesca. Ficou encarando a parede, tentando pensar numa forma de agir normalmente, mas depois dos últimos dias, não sabia mais o que era normal para ela. Mel chegou e ela sorriu.
- Ainda tá aqui? Vim pegar uma também! – A garota disse simplesmente e abriu a geladeira, pegando uma Coca. – Você tá quieta, amor!
- Não tô não. – Lua respondeu rápido e Mel sorriu.
- Eu te conheço, garota! O que houve?
- Nada.
- Desde aquela hora da praia... Que a gente tava com os meninos e você viu o... Espera! – Mel parou e encarou a amiga com os olhos esbugalhados. Lua engoliu seco e a olhou, tentando parecer o mais normal possível. – Você não gostou de ver o Arthur com outra menina? O Arthur? O Arthur Aguiar? O garoto que você odeia e... – Mel disparou e Lu a beliscou, fazendo-a parar. – OUTCH!
- Cala a boca, Melanie! Não é nada disso! – Lu a encarou apreensiva, e tentava manter a voz calma, mas seu coração estava a mil e suas mãos gelavam.
- Então é o que? É claro que é isso! – Mel disse ainda alto e Lua fez sinal pra que ficasse quieta.
- Não, é que eu não tava me sentindo bem. Você bebeu, Melanie? Eu, justo EU? Lua Suede sempre odiará Arthur Aguiar. Essa é a lei da vida! – Lu respondeu e seu peito doía. Não gostava de mentir para as amigas, e também não sabia por que estava agindo daquela maneira.
- Mas Lu...
- Não tem nada de “mas”! Eu tô falando sério, eu não gosto do Arthur, e nada mudou em relação a isso. NADA. – Lu respondeu firme e Melanie assentiu com a cabeça, ainda desconfiada.
- Ué Arthur, cadê minha cerveja? – Chay perguntou olhando para frente e Arthur deu de ombros.
- Esqueci de pegar. – Respondeu simplesmente, deitando na grama. Sophia abaixou a haste dos óculos escuros e encarou a expressão séria, talvez de dor que Arthur tinha no rosto. Ficou imediatamente preocupada.
- Você tá bem, Aguiar? – Soph perguntou e Arthur continuou olhando pra cima.
- Não me enche o saco, Sophia! – Ele respondeu seco e talvez um pouco alto demais. Soph encarou Thiago, que tinha uma expressão confusa no rosto.
- Deixa ele... – Amaral disse baixo e Soph deitou na cadeira, contrariada.
“Ela me odeia. ELA ME ODEIA. Porque eu fui acreditar? Então nada mudou!”
Arthur pensava e sentia que o peito ia explodir. Tinha escutado a conversa minutos antes e estava se sentindo um completo idiota. Ouviu a risada de Lua e viu que ela chegava com Melanie. Levantou rapidamente e saiu em passos duros em direção a porta, esbarrando com força em Melanie.
- Eita, o que deu nele? – Mel perguntou e Thiago encarou Lua, que olhava para a porta com um olhar preocupado.
- Não faço idéia. – Amaral respondeu, e entrou na casa atrás do amigo.
- Dude, o que foi isso? – Thiago perguntou entrando no quarto e Arthur se xingou mentalmente por não ter trancado a porta.
- Nada. – Respondeu simplesmente, forçando um sorriso. – Eu tô bem.
- Ah claro, primeiro você grita com a coitada da Sophia, sinceramente eu nunca vi você fazendo isso com ela... – Amaral disse e Aguiar mordeu o lábio, lembrando da cena. Soph realmente não merecia. – E depois sai daquele jeito quase quebrando a Melanie no meio!
- Não exagera, eu mal encostei nela! – Arthur respondeu e Thiago gargalhou.
- Tá forte então hein? Ela quase caiu.
- Ah Thiago, não enche vai! Eu tô bem, vamos descer que eu quero falar com a Soph! – Arthur disse saindo do quarto e Thiago chacoalhou a cabeça, o seguindo.
Os oito estavam sentados no chão da sala com várias pizzas apoiadas na mesa de centro. Ninguém estava afim de cozinhar e não tinham a mínima idéia de como fariam isso. Estavam comendo antes de saírem, em grupos separados, para conhecer a noite da Riviera. Lu estava sentada longe de Arthur, e de vez em quando se via encarando o garoto, que parecia fazer questão de olhar pra qualquer pessoa que não fosse ela.
- Arthur... - Lua disse e todos a encararam, inclusive Aguiar.
- Hum... – Arthur respondeu com a boca cheia e fingindo indiferença. Lu rolou os olhos.
- Me dá um copo? – Ela perguntou apontando para a pilha de copos descartáveis que estava ao lado do garoto.
Arthur encarou os copos, olhou para o rosto de cada um dos amigos e voltou seu olhar pra Lu, engolindo seco.
- Porque eu faria isso? – Aguiar respondeu e Lua arregalou os olhos, sem entender.
- Porque os copos estão do teu lado, talvez? – Ela disse com a voz confusa e Arthur riu baixo. Todos olhavam pra ele.
- Você quer? Então você vem pegar, docinho. – Ele disse simplesmente com um tom debochado e voltou a comer seu pedaço de pizza como se nada tivesse acontecido. Lu sentiu o rosto queimar de raiva. Não sabia por que Arthur estava agindo daquela maneira, mas realmente tinha conseguido a irritar. Odiava aquelas respostas. Odiava aquele apelidinho maldito. Soph estendeu a mão para o copo, mas Lua a encarou com um olhar bravo e ela parou onde estava. Aguiar ainda parecia estar mais interessado na pizza do que em qualquer outra coisa. Lua engatinhou calmamente até onde os copos estavam, e Arthur olhou discretamente. A garota ajoelhou e pegou uma garrafa de refrigerante ao lado de Chay, colocando calmamente no copo enquanto Arthur sorria maliciosamente. Então ela o encarou e começou a entornar o refrigerante na bermuda que Aguiar estava vestindo, rindo alto.
- CARALHO, VOCÊ TÁ MALUCA? – Arthur gritou e Lua riu escandalosamente.
- Talvez se você tivesse sido gentil uma vez na sua vida, isso não teria acontecido! – Lu disse com um sorriso encantador e voltou para onde estava, vendo que as amigas riam e que os garotos a encaravam amedrontados, mas que queriam rir. Arthur rolou os olhos e levantou, saindo dali rapidamente, sem dizer nenhuma palavra.
Lu estava sentada sozinha no enorme sofá da sala de TV. Estava arrumada e esperava que Soph e Ully ficassem prontas. Mel estava com ela até minutos antes, mas fora apressar as garotas. Arthur entrou na sala e Lua percebeu isso, mas não tirou os olhos da televisão. Ele se jogou no sofá de uma maneira rude e pegou o controle remoto, mudando de canal como se ninguém estivesse ali. Lua resmungou alto e virou para ele.
- Arthur, eu estava assistindo, me dá essa porcaria de controle!
- Ah, nem vi que você estava aqui, docinho! – Arthur respondeu e a garota bateu com a mão fechada no sofá, fazendo-o rir alto.
- Pára de rir seu idiota, me dá esse controle!
- Nossa, quanta revolta! Fica quieta aí e assiste futebol que é melhor... – Arthur disse calmamente e Lua levantou, xingando baixo.
Quando estava prestes a sair da sala, Micael e Thiago chegaram. Lu parou no meio do caminho e voltou até onde Arthur estava sentado. Apoiou suas mãos nos joelhos do garoto, e aproximou seu rosto do dele, tão perto que podia sentir a respiração de Aguiar falhar e ele desviar o olhar. Levou uma das mãos até seu rosto delicadamente e levantou seu queixo, fazendo com que olhasse em seus olhos.
- Sabe, Arthur... Você já foi muito melhor nisso! – Ela dizia com a voz doce, e Arthur respirava com dificuldade – Nossas brigas já foram tão mais... Adultas, sabe? Ah, você perdeu o jeito! Negar pegar um copo pra mim? Mudar o canal da TV enquanto eu assisto? – Lu parou e riu alto. – Quantos anos você tem, nove? Se for pra ser assim, eu prefiro não brigar, tá? Ignorar você me parece bem mais sensato, e sabe do que mais? – Ela perguntou acariciando o rosto do garoto, com um olhar malicioso – É isso que eu vou fazer! Volte a ser homem e depois venha falar comigo, docinho...
Lu deu um tapinha leve no rosto de Aguiar, e saiu rebolando da sala, ignorando os olhares de Thiago e Micael. Assim que saiu pelo corredor, ouviu os dois gargalharem lá dentro e riu sozinha. Se Arthur queria voltar a agir como um idiota, problema dele. Ela sempre seria melhor.
- Já vão? – Thiago perguntou vendo as quatro garotas arrumadíssimas passarem ao lado da piscina em direção ao portão.
- Já, queremos sair cedo e voltar cedo... – Lu disse e ele a encarou – Tipo umas sete da manhã, sabe? Cedo! – Ela completou e o amigo gargalhou.
Arthur apareceu do lado de fora e encarou a garota que ria enquanto conversava com Amaral. Ela estava com uma saia jeans curta, uma baby-look preta com uns desenhos e um scarpin. Extremamente e irritantemente linda. Sentiu raiva ao lembrar do que acontecera momentos antes, e do quanto tinha sido zoado por aquilo. Os outros garotos apareceram atrás dele, também prontos pra sair.
- Vamos à caça? – Micael passou o braço nos ombros de Arthur, que riu.
- Com toda certeza, dude! – Ele respondeu e viu as meninas já saírem, seguindo com os amigos para o lado oposto de onde iam.
Depois de darem voltas pela Riviera, os garotos acabaram no mesmo lugar onde as meninas estavam. Chay as avistou de longe e acenou, pegando uma mesa com os amigos. Arthur viu Lua rindo com um garoto, e fez careta. A raiva ainda não tinha passado, e ele queria se vingar. A cada centímetro que o garoto se aproximava, ele ficava mais apreensivo, dando goles gigantescos em sua cerveja. Os garotos mal perceberam as reações do amigo, estavam mais interessados em vigiar um grupo de garotas que estava na mesa ao lado. Aguiar olhou para o lado e viu as quatro garotas bonitas chegarem perto, cumprimentando-os e sentando junto com eles. Chacoalhou a cabeça e fixou o olhar no decote de uma ruiva, por mais que isso incrivelmente lhe parecesse bem menos interessante do que ficar se torturando ao assistir Lua e o outro cara.
- Vou pegar mais cerveja, quer alguma coisa? – Arthur perguntou alto, devido a música, e a garota da qual ele não lembrava o nome sorriu, assentindo.
- Traz uma pra mim também! – Ela disse e ele sorriu, já um pouco alterado pela bebida.
Seguiu até o bar e pediu duas cervejas para a garçonete. O pub estava cheio e ele estava tendo dificuldade para conseguir voltar para onde estava sentado. No meio da multidão, avistou Lu e Ully.
- O que você disse Lua? – Ully gritou e Lu riu.
- Eu vou pra casa buscar a máquina! – Lua gritou e Ully fez careta.
- AGORA? Deixa pra depois, a gente tira foto amanhã! – Ully disse alto e Lu negou. Arthur ainda tentava passar, mas de alguma forma queria ficar preso ali.
- Não, eu quero registrar nossa primeira noite na França! – Lua respondeu e a amiga riu. – Temos quatro câmeras e esquecemos todas, lerdas!
- É A EMPOLGAÇÃO DA FRANÇA, UHUL! – Ully gritou e Lua riu alto, saindo por entre as pessoas.
Arthur olhou a garota e teve um estalo. Riu sozinho e abriu caminho para passar, com um sorriso malicioso nos lábios.
Lua abriu o portão da mansão e entrou calmamente. O pub em que ela estava com as amigas ficava apenas dez minutos dali, talvez menos, mas ela pegou um táxi mesmo assim. Subiu as escadas devagar, e seus ouvidos estavam zunindo, ainda desacostumados com o silêncio repentino. Entrou em seu quarto e encarou as malas, desanimada. Não tinha a menor idéia de onde havia guardado a câmera e aquilo poderia demorar mais do que ela esperava. Fez uma careta pensando nisso, quando lembrou que ela e as garotas tinham tirado fotos no avião com a câmera de Sophia, e foi para o quarto da amiga, diretamente até a bolsa da garota. Pegou a pequena câmera rosa e sorriu, virando-se para ir embora.
- AAAAAAAH! – Lu gritou alto e Arthur desatou a rir. – Arthur? Porra, quer me matar de susto? – Lua ainda berrava e segurava o peito, ficando irritada ao ouvir a risada de Arthur. – O que diabos você tá fazendo aqui?
- Ué, eu também estou hospedado aqui, esqueceu? – Arthur respondeu indiferente, encostando na parede.
- Ah é, quase esqueci desse pequeno detalhe. – Lu respondeu debochada e Aguiar rolou os olhos. – Vou nessa, até depois Aguiar!
Lu disse quase passando pela porta quando Arthur a segurou pelo braço, a puxando para dentro novamente. Aguiar a puxou com força e seus corpos involuntariamente se colaram. Ele respirou fundo e a encostou na parede, prendendo-a entre seus braços. Lua sentia sua respiração falhar a medida que seu coração acelerava.
- O que... O que você tá fazendo? – Ela conseguiu dizer com a voz fraca, e Arthur sorriu malicioso, a apertando novamente contra a parede. Aguiar encostou o nariz no pescoço da menina e pode perceber que ela se arrepiou com o toque. Sorriu, aproximando sua boca da orelha dela.
- Repete o que você disse. – Arthur disse com a voz baixa, e Lua suspirou alto.
- Do que você tá falando, garoto? – Lu respondeu quase sussurrando, enquanto Arthur brincava com seu pescoço e ela sentia sua pele arrepiar.
- Que eu não sou homem. – Ele disse simplesmente, mordendo o lóbulo da orelha da garota, que num reflexo, apertou sua cintura.
- Você tá maluco? Pára com isso, Arthur... – Lu tentava parecer autoritária, mas sua voz saía fraca, suas pernas estavam moles.
- Repete. – Arthur insistiu, ainda sussurrando, enquanto entrelaçava as mãos no cabelo de Lua, próximo a nuca, e ela fechou os olhos, respirando fundo.
- Arthur, já te disse pra me largar! – Ela respondeu, em um tom de ameaça muito baixo. O garoto riu próximo ao seu ouvido.
- Engraçado. Você diz uma coisa, mas age de outro jeito... – Ele parou de falar e encostou a testa na dela. A única luz vinha da varanda, e ele suspirou alto ao encará-la tão de perto. – Se você quer tanto que eu pare, porque está apertando minha cintura com tanta força, docinho? – Ele continuou malicioso e Lua bufou, sentindo seu rosto queimar.
- Arthur Aguiar, é melhor você me largar...
- Pede por favor... –Ele respondeu malicioso e a garota riu sarcástica.
- Me erra, Arthur!
- Pede! – Arthur apertou a cintura da garota com força, roçando o nariz no da garota.
- Por favor... Por favor! – Lu respondeu baixo e o garoto riu.
- Tudo bem, se é isso o que você quer... – Arthur soltou os braços que prendiam Lua e riu. A garota respirou fundo e abriu os olhos, estava irritada, mas mais do que isso, estava tentada a fazer algo que sabia que iria se arrepender depois. Arthur sorriu ao olhar a garota totalmente desnorteada e saiu do quarto, fechando a porta. Lu escorregou na parede com a respiração completamente falha, não sabia o que fazer. Respirou fundo novamente e levantou, girando a maçaneta. Mas a porta não abriu. Girou mais algumas vezes e nada aconteceu. Deu um soco na porta, com a raiva já consumindo seu corpo.
- Arthur! – Ela gritou, mas ninguém respondeu. – Puta que pariu!
Lu correu até a varanda e viu Arthur rindo, sentado na grama.
- O QUE DIABOS VOCÊ TÁ FAZENDO? – Ela berrou, e ele se contorcia de rir. – Me tira daqui, Aguiar! – Ela continuou gritando.
- Engraçado, não é Lu? – Ele levantou, andando de um lado para o outro – Achei que você fosse boa nisso, mas vejo que não! Só foi eu encostar em você – Ele riu presunçoso – Que a mulher decidida foi pelos ares, né? – Arthur riu e Lua gritou descontrolada, fazendo com que ele gargalhasse ainda mais alto. – Novidade pra você: Sinto informar, mas você não é tão boa nisso quanto pensa, docinho. Tenha uma ótima noite presa no quarto!
Arthur riu alto e jogou um beijo no ar, caminhando em direção ao portão. Lua gritava descontroladamente. Ele parou e olhou para trás.
- Tá gritando porque, maluca? – Ele disse e a garota bufou.
- Arthur, me tira daqui AGORA! – Lu gritou autoritária.
- Ah, tá afim de sair? – Ele sorriu. – Pula! É baixinho! – Arthur disse cheio de si, mesmo sabendo que aquilo tinha sido uma tremenda maldade. Ele sabia que ela nunca pularia.
- Arthur, você sabe que eu tenho medo! – Ela disse com a voz chorosa e o garoto respirou fundo. Tinha prometido a si mesmo que não daria para trás.
- Bom, isso já não é problema meu! – Respondeu com a voz meio baixa e saiu dali, sem olhar pra trás, porque sabia que mudaria de idéia.
Arthur voltou andando devagar até o pub onde estavam. Por mais que aquilo fosse uma grande lição para Lua, estava se sentindo mal por tê-lo feito. As imagens da garota frágil entre seus braços, quase cedendo a suas carícias, faziam seu coração acelerar. Não conseguia entender o como tinha sido forte o suficiente pra levar o plano até o final, e por mais que se sentisse orgulhoso disso, aquela sensação ruim não o abandonava. Avistou Thiago com Sophia e Ully do lado de fora do pub e foi até eles.
- Onde você tava, dude? – Amaral rapidamente perguntou e Arthur colocou as mãos nos bolsos, nervoso.
- Por aí. – Respondeu simplesmente.
- Meu, eu tô preocupada com a Lu, tô falando sério! – Ully dizia apreensiva, andando de um lado pro outro – Eu não agüento mais esperar, já era pra ela ter chegado, Thiago! Eu vou atrás dela!
- Eu também vou! – Soph disse rapidamente e Arthur sentiu as mãos gelarem.
- Não! – Ele disse rapidamente e as duas o encararam, confusas.
- Como não, Arthur? A minha amiga pode estar em perigo! – Ully disse e ele forçou um sorriso.
- A Lu tá bem, eu estive com ela agora a pouco. – Respondeu contra a vontade e Thiago arregalou os olhos.
- Você tava com a Lu? – Amaral perguntou e Aguiar assentiu.
- E onde ela tá? – Sophia perguntou.
- Ela foi buscar a câmera pra tirar fotos com vocês, mas conheceu um cara no meio do caminho e ficou conversando com ele. – Aguiar respondeu do nada e Ully o encarou, sem acreditar nenhum pouco.
- Fala a verdade, Arthur. – Ela disse e o garoto sentiu o rosto queimar.
- Eu tô falando, Ully. Foi isso mesmo. Eu juro pra vocês que a amiga de vocês tá bem segura. – Arthur disse – Até demais. – Sussurrou mais para si mesmo, sentindo-se um completo idiota. Sophia encarou Ully.
- Tá, Aguiar. Se algo acontecer com a minha amiga, a culpa é total sua! – Ully disse autoritária. – Vem Soph, vamos entrar. – A garota puxou Sophia pela mão de volta para o pub. Antes que Thiago perguntasse alguma coisa, Arthur começou a falar.
- É verdade, Amaral. Agora eu preciso fazer uma coisa. – Arthur disse rapidamente e saiu dali, ignorando o amigo e tudo o que ele pudesse lhe dizer.
Arthur pegou um táxi e chegou rapidamente na mansão. Sabia que Lua iria tentar o matar, e estava preparado pra isso. Tinha pegado pesado demais dessa vez. Subiu as escadas quase correndo e respirou fundo antes de virar a chave na maçaneta. Acendeu a luz do quarto e não viu ninguém.
- Lu? – Perguntou, com a voz fraca. Ninguém respondeu e Aguiar tremeu. Abriu a porta do banheiro, mas também não havia ninguém lá dentro. – Merda. – Sussurrou, indo até a varanda.
Ao chegar à varanda, Arthur olhou para o lado e viu Lu sentada no parapeito que interligava as varandas de Soph e Chay. Ela estava sentada, de olhos fechados e com o rosto vermelho.
- Lu, o que você tá fazendo? – Arthur perguntou com os olhos arregalados e a garota abriu os olhos, olhando para o lado. Aguiar pode perceber que seus olhos estavam vermelhos e sentiu o peito apertar por isso.
- O que você acha, idiota? – Ela respondeu secamente, tentando enxugar as lágrimas.
- É perigoso, você não pode, você tem medo, você... – Arthur começou a gaguejar e a se sentir péssimo. Nunca havia se sentido daquela maneira antes.
- Cala a boca! Eu vou chegar do outro lado, sai daqui! – Lua respondeu se movimentando muito devagar, ainda sentada e de olhos fechados.
- Lu, deixa eu te ajudar... – Arthur disse colocando uma perna no parapeito, mas sendo interrompido por um grito.
- Fica aonde você está, Aguiar. Eu não quero e eu não preciso da sua ajuda. – Ela respondeu ainda sentada, e Arthur podia ver que ela tremia. – Eu não quero nada que venha de você.
Arthur sentiu o estômago revirar quando ela disse isso. Respirou fundo, mas não estava se sentindo nada bem daquela forma. Não tinha imaginado que aquilo pudesse acontecer, sabia que tinha colocado tudo a perder. Colocou a perna pra dentro novamente, e encarou a garota, que mantinha os olhos fechados.
- Desculpa, Lu. Eu não queria ter feito isso, eu...
- Eu disse pra você calar a boca.
Arthur sentiu os olhos queimarem e colocou as mãos nos bolsos, virando de costas.
- NÃO! – Lu gritou e ele virou para trás rapidamente, assustado.
- O que foi? – Ele perguntou, a voz falha e tensa.
- Não vai, me ajuda! – Ela disse chorando e Arthur ficou em silêncio, subindo no parapeito sem questionar. Andou devagar e estendeu a mão para a garota.
- Vem, me dá sua mão. – Ele disse baixo e Lu abriu os olhos, olhando pra cima.
- Eu vou cair. – Respondeu baixo e Arthur sorriu.
- Confia em mim.
- Tá meio difícil, ultimamente... – Lu disse baixo e Arthur sentiu o coração apertar de novo, mas não disse nada, porque sabia que era verdade.
Lua segurou a mão de Arthur e ele a puxou para cima. A garota envolveu sua cintura rapidamente e fechou os olhos. Arthur sorriu.
- Ei... – Ele disse baixo e a Lu o olhou nos olhos – Tá na hora de vencer seu medo. Vem, anda. – Arthur disse a puxando pela mão, mas a garota continuou parada e ele riu baixo. – Lu, vem.
- Eu te mato, eu te mato! – Ela murmurava andando pé ante pé até a varanda.
- Não olha pra baixo. – Ele disse com a voz doce e a menina sorriu, mesmo sem querer, olhando nos olhos dele, que andava de costas. – Só mais um pouco, continua olhando pra mim, só pra mim – Ele disse e pulou pra dentro, ajudando-a a voltar pra varanda.
Lu respirou fundo e sorriu.
- Não foi tão difícil. – Ela disse e Arthur sorriu largamente, vendo a garota tremer.
- Eu disse que era fácil. – Aguiar sorriu. – Você está tremendo! – Ele disse aproximando-se de Lu e apertando seus braços ao redor da menina. Ela respirou fundo, tentando organizar os pensamentos. Rapidamente lembrou de tudo o que acontecera minutos antes, e soltou o abraço, irritada.
- Me larga, Aguiar. Sai de perto de mim! – Lua disse áspera e entrou para o quarto, pisando firme. Arthur passou as mãos nos cabelos, respirando fundo. Doce ilusão a dele. Nada era fácil com Lua Suede.
Arthur entrou em seguida de Lu, andando um pouco mais rápido para alcançá-la.
- Lu, deixa eu falar com você... Eu te pedi desculpas, eu... – Ele dizia quando fora interrompido.
- Não é suficiente, Arthur. Você pegou pesado dessa vez! – Lu disse alto e virou-se de frente para o garoto, que ficou em silêncio.
- Eu sei, mas o que você quer que eu faça? – Aguiar respondeu com a voz baixa e Lua bufou, rolando os olhos.
- Faça o que você quiser. Nada vai mudar. – Disse rapidamente e continuou andando.
- Eu sei que não. Eu ouvi o que você disse. – Arthur falou e a garota parou de andar, em frente a porta de seu quarto.
- Eu não sei do que você tá falando, lindinho. – Lu respondeu sarcástica e Arthur rolou os olhos.
- Então deixa eu refrescar sua memória, meu bem... – Arthur disse com a voz já alterada e chegando perto novamente. Era impressionante como aquela garota o tirava do sério. – Você disse pra Melanie que me odeia.
Lu arregalou os olhos e não conseguiu esconder o espanto e a vergonha que sentiu. Ele não podia ter ouvido aquilo, não podia.
- Arthur, eu... – A garota ia se desculpando, quando parou de falar. – Espera aí! Você anda ouvindo minhas conversas atrás da porta? Ah, só o que faltava! – Lua reclamou e Arthur riu debochado.
- Vocês estavam berrando, quem passasse a quilômetros daquela cozinha ouviria o que diziam. E do que adianta? Não muda de assunto, Lua. Você me odeia e eu ouvi isso.
- Eu não te odeio, Arthur. – Lu disse com a voz baixa e olhando para os pés, e Arthur sorriu de canto ao perceber que tinha a deixado desconsertada.
- Então porque você disse que...
- Não sei. Sinceramente eu não sei.
Lu disse o encarando nos olhos e Arthur sorriu. Deu um passo adiante e puxou a garota, apertando-a com força contra seu corpo. Lua sorriu largamente e envolveu a cintura de Arthur, sentindo o cheirinho bom que o garoto tinha, e sentindo-se incrivelmente bem enquanto ele acariciava seus cabelos devagar. Os dois passaram incontáveis minutos assim, e Arthur deu um longo beijo na bochecha de Lua, e sem largar sua cintura, encostou a testa na dela.
- Eu sei. – Ele disse baixinho e Lu arqueou a sobrancelha, sem entender absolutamente nada.
- Sabe o que, criatura? – Lua disse engraçadamente e Arthur riu alto, fazendo com que ela risse junto. Era inevitável.
- Porque você disse que me odeia. Eu tenho uma teoria. – Aguiar disse e quando percebeu que a menina ia se manifestar, silenciou seus lábios com um toque suave de seu dedo, fazendo com que ela sentisse a nuca arrepiar sem querer.
- Fala. – Ela disse com os lábios quase colados e Arthur riu de novo.
- Porque, pelo menos pra mim, é muito mais fácil odiar você, do que... – Arthur parou e sorriu, tímido. – Do que gostar de você.
Lu sorriu largamente e sentiu borboletas fazerem festa em seu estômago. Aquilo não estava acontecendo, era tão impossível, tão surreal, tão maravilhoso. Ao ver o lindo sorriso de Arthur se formar em seu rosto, tocou o rosto do garoto devagar e levantou nas pontas dos pés, roçando o nariz no dele e o olhando de uma distância tão minúscula que parecia deixá-lo perfeito. Perfeito. Aquele momento era exatamente isso.
- Você tem razão. – Lu disse baixo, sentindo Arthur levantá-la um pouco pela cintura até que estivessem da mesma altura. – Parece que você leu minha mente. Era exatamente isso que eu queria dizer.
Arthur a puxou pra tão perto que Lua sentiu que a respiração ia falhar. Respirou fundo e sorriu, mordendo a bochecha do garoto.
- Não. – Ela disse, percebendo o que ele iria fazer. – Não agora.
- Por quê? – Arthur perguntou com um olhar fofo e um tanto decepcionado e a garota quase acabou ela mesma com tudo aquilo.
- Muito fácil pra você. – Ela disse e riu da cara confusa de Arthur. – Brigue por mim. Me conquiste. Mostre que você não é como nenhum outro. Eu estou cansada de me dar mal com os garotos. – Lu sorriu de um jeito encantador. – Se você realmente quer, você vai achar um jeito de me fazer acreditar.
Arthur sorriu malicioso e Lua riu alto. Por mais que quisesse terminar com aquilo agora, aquele desafio lhe parecia mais tentador do que qualquer outro. Lu estalou um beijo perto da boca de Arthur, que sorriu derrotado ao vê-la saindo em direção as escadas.
- Ei! – Arthur disse e Lu virou para trás, olhando em seus olhos.
- O que foi?
- Eu aceito o desafio. Sabe de uma coisa? – Arthur disse encostado na parede e Lu negou, mas sorria – Você vai ser minha, docinho. Pode esperar.

1 comentários:

 
Ouro Branco Blog Design by Ipietoon